Na tranquila localidade da Ruvina, no culminar de uma vida de fé e entrega à causa de instaurar o reinado de Cristo, no passado dia 10 de dezembro, a Irmã Elisa - na fotografia abaixo com o saco de viagem pronto, partiu; mas sabemos e acreditamos não nos deixou.
Nascida em 14 de agosto de 1924, filha de José Augusto Pires e Maria Rosa Martins, esta serva extraordinária dedicou mais de sete décadas ao serviço de Deus e à comunidade.
O compromisso da Irmã Elisa começou em 1948, quando aderiu à Liga dos Servos de Jesus na Ruvina. Guiada pelo lema "É preciso que Jesus Reine", ela moldou sua existência na doação a Deus e na devoção à Eucaristia, encontrando força nas adorações ao Santíssimo.
A descrição da irmã Elisa é de que era dócil, acolhedora, alegre e obediente uma personalidade cativante. A sua abertura aos outros era universal. Ao receber algum sacerdotes para refeições, ela permanecia no refeitório para fazer companhia, sorrindo e dialogando, mostrando com a atenção que dispensava que o visitante não era apenas tolerado, mas uma presença apreciada.
A veneração mariana e a devoção a São José eram características da vida espiritual da irmã Elisa. As suas ações e atitudes eram permeáveis à ligação que tinha a Nossa Senhora refletindo-se, especialmente, na maneira como cuidava da capela e na recitação frequente do rosário.
Ingressando na comunidade quando já tinha o ofício de costureira, a irmã Elisa não poupava esforços. Além de fornecer três mudas de vestidos para cada uma das meninas que residiam na casa, chegaram a ser mais de setenta ao mesmo tempo, ela também fazia as batas para as irmãs. Sua habilidade estendia-se à ornamentação da igreja, onde contribuía com toalhas, rendas, e bordados, incluindo os paramentos litúrgicos.
Mesmo quando os pais adoeceram, a irmã Elisa manteve seu compromisso com a comunidade e a capela da casa de Cristo Rei, continuando suas adorações durante o período em que cuidava de seus familiares. Sua dedicação estendia-se à confeção das hóstias para a casa, para a paróquia e para outras comunidades sob a orientação do Pe. António Sanches.
Foi responsável pela capela do colégio da Ruvina por muitos anos. A arte de confecionar paramentos, cortinas e em tantas outras peças de costura foi marcada pela perfeição. A Irmã Elisa era conhecida por nunca recusar um pedido, fazendo tudo com graça e diligência.
No último mês de 2023, sobretudo a partir do dia 21 de novembro, a saúde da Irmã Elisa deteriorou-se rapidamente, levando-a a permanecer acamada até seu falecimento em 10 de dezembro. Suas últimas palavras foram um suave desejo de partir para o Céu e a promessa de “não se esquecer de nós que com ela fizemos comunidade, aqui na terra”.
A Irmã Elisa, ao longo de seus 99 anos, foi uma pessoa e uma presença, confiável e delicada. O seu existir foi um testemunho de devoção, abnegação e amor ao próximo.
Recordamos e celebramos essa vida que foi, para nós, um reflexo do amor de Deus.
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