“Em tudo Caridade; nas ofensas, perdão! Santos a transbordar de Amor”. (Amigo da Verdade, nº 217/1931)
VOLTAR AO TEMPO COMUM É CONTINUAR A CELEBRAR O MISTÉRIO
DOS GRANDES ACONTECIMENTOS
“ Cada um ponha ao serviço dos outros os dons que recebeu, como bons administradores da graça de Deus, tão variada nas suas formas. Se alguém fala, diga palavras de Deus; se alguém exerce um ministério, faça-o como um mandato recebido de Deus, para que em tudo seja Deus glorificado, por Jesus Cristo”. (1ª Pedro 4,10-11)
Terminadas as grandes celebrações pascais, vividas de modo festivo e jubilar, voltamos ao denominado “Tempo Comum”.
É o regresso à vida do dia-a-dia, à dinâmica do hora-a-hora, das realidades deste mundo sempre a transformar, do confronto direto com os eternos problemas: a nossa condição tão humana, quanto frágil; as faltas e quedas tão habituais da nossa existência; a fugacidade da nossa existência; a coragem do recomeçar em cada dia.
Mas, quantas vezes, o desânimo, a falta de objetivos e as metas não atingidas nos marcam negativamente impedindo ou obstaculizando a nossa caminhada. São também marcas na nossa caminhada o cansaço, o desgaste, a interrogação, a estranha sensação de se fazer o caminho sozinho. Mas refletindo um pouco mais, apercebemo-nos que, pelo menos um dia por semana, no primeiro, no domingo, voltamos a celebrar o mistério dos grandes acontecimentos da nossa fé.
- É o dia do Senhor, o dia do louvor, do bendizer, do aclamar, do saber pedir e sobretudo o de adorar.
- É o dia da vitória da vida sobre a morte. É o dia da Ressurreição.
- É o dia do Repouso, do retemperar forças, da intimidade com a pessoa amada, da reflexão e provavelmente o tempo mais oportuno para a reconciliação consigo mesmo, com a vida e com os demais.
- É o dia de uma nova partida, de uma nova entrega, de maior generosidade.
- É o dia do meu tempo, da minha liberdade da minha realização.
- É o dia que se revela bem pequeno, para o significado de que se deve revestir. Às vezes…
Às vezes, infelizmente, quase sempre para os mais sacrificados, continua a ser:
- Um dia de mais trabalho, de mais entrega, de maiores exigências;
- Um dia sem direitos e também sem recompensa;
- Um dia rotineiro e no qual se devem realizar as tarefas mais monótonas e acumuladas durante toda a semana;
- Um tempo de solidão, de amargura e tristeza;
- Um tempo “fora do comum”, sem celebrações afetivas ou porventura, quando celebradas, com sabor a pouco;
- Um tempo desprovido de sabor a festa. Antecâmara de mais uma semana que se avizinha carregada de imprevistos, de trabalhos, de meras e gastas rotinas.
É preciso inverter estas situações. É necessário celebrar também no “Tempo Comum” o mistério dos grandes acontecimentos salvíficos da e na nossa vida.
O “Tempo Comum” tem de ser também um tempo de crescimento da nossa fé, da nossa esperança e sobretudo do Reino de Deus. Tem de ser um tempo de realizar a caridade servindo, louvando e bendizendo o nosso Deus.
Voltar ao “Tempo Comum” é continuar a celebrar a Eternidade do nosso Deus. A grandeza das Suas obras. O Amor com que se nutre a nossa existência, o valor que temos para Ele e as Maravilhas que operou e continua a operar connosco sempre numa dinâmica de realização, salvação e serviço incondicional ao outro. Um desafio. Uma aposta. Uma vivência bem diferente neste tempo único quanto o apelidamos de “Comum”.
Não deixa de ser expressão de “Tempo Comum” a proposta de D. João de Oliveira Matos em ordem ao apostolado fecundo e que elencámos, tempos atrás, como propósito neste mês de Junho:
“Em tudo Caridade; nas ofensas, perdão!
Santos a transbordar de Amor”.
(Amigo da Verdade, nº 217/1931)
A santidade, o perdão e a caridade, quando realizadas, são sempre grandes celebrações. Para elas não há “Tempo Comum”, Festivo” ou de “Solenidade”. Quando acontecem são tempo de Graça, de Grandeza, de Ternura e sobretudo
– Tempo de Deus –
Este sim o mais importante em toda a nossa vida.
Guarda, 01-06-2018
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P. Alfredo Pinheiro Neves
Assistente Geral
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