1. Celebramos a Eucaristia do I Domingo do Advento e inauguramos o novo ano
Litúrgico. Um ano que vamos viver de olhos voltados para o Jubileu Ordinário de
2025, o qual nos convida a fortalecer a Esperança no Senhor que vem para nos
trazer a Salvação, Ele que é o Salvador. A esperança não engana, diz-nos a Bula
Papal da proclamação do Jubileu.
Da Esperança nova que nos traz o Salvador Jesus Cristo fala-nos hoje a Palavra de
Deus proclamada neste I Domingo do Advento.
Como lembra o Evangelista S. Lucas, aquele que é o Evangelista deste ano, como
Marcos o foi do ano anterior, Jesus vem no fim dos tempos para levar a História
ao seu termo e presidir ao Juízo Final.
Sabemos, por isso, que não temos aqui marada permanente. E não a temos,
porque em determinado momento desta História havemos de responder à última
chamada para irmos ao encontro do Senhor. Esse é o sentido da morte pessoal de
cada um de nós. Não a temos também porque a História, como nós a
conhecemos, acabará. É esse o sentido da linguagem apocalítica que o Evangelho
de hoje usa. Deixa-nos a recomendação: Vigiai e orai para poderdes comparecer
dignamente diante do Filho do Homem.
no fim da História, mas vem muitas vezes ao nosso encontro, sempre que lhe
abrimos as portas da nossa vida, cumpre-se a promessa do Profeta Jeremias lida
na I Leitura.
Ele é, de facto o rebento novo da casa de David que vem para exercer o direito e a
justiça; vem para salvar o Reino de Judá, porque o seu nome é “a nossa Justiça”.
E então que havemos de fazer enquanto aguardamos a vinda do Senhor e nos
preparamos para o encontro com Ele?
Escutemos as recomendações do Apóstolo S. Paulo, que, sendo imediatamente
dirigidas aos Tessalonicenses, se aplicam também a nós no momento atual.
Diz Ele: O Senhor vos faça crescer e abundar na caridade de uns para com os
outros; o Senhor vos confirme na santidade, e preparando assim, da melhor
maneira, a vinda de Jesus Nosso Senhor.
E acrescenta – Deveis progredir ainda mais, dando cumprimento às normas que
vos demos da parte do Senhor Jesus.
Sendo assim, a santidade é a meta da nossa caminhada em Igreja e no carisma da
Liga dos Servos de Jesus; a caridade de uns para com os outros é a lei número um
desta caminhada; e nessa caridade todos somos convidados a progredir sempre e
cada vez mais.
Cumprimos nestes dois dias a Assembleia Geral da Liga dos Servos de Jesus
para revisitarmos o nosso carisma e revermos a forma como o estamos a
viver e a comunicar aos outros.
Este carisma, de facto, apresenta-nos o ideal da perfeição, convidando-nos
a viver à maneira das primeiras comunidades cristãs; convida-nos a
percorrer os caminhos do desagravo e da reparação das ofensas cometidas
contra Deus.
Convida-nos a fazer oração pela Igreja e a dedicar-nos ao apostolado.
O mesmo carisma cumpre-se no exercício de uma missão, que, segundo as
Constituições, é a mesma Missão da Igreja, na ação evangelizadora, na ação
santificadora e na prática da caridade.
Como já referi durante a assembleia, o único meio eficaz para o
cumprimento do carisma e da missão para o qual ele nos orienta é o
testemunho cristão.
Desse testemunho cristão faz parte: sermos fortes na Fé, dedicados à Santa
Igreja, bondosos e dedicados, caridosos e compassivos, assim como outras
recomendações inscritas nas Constituições, que vale a pena reler com
frequência e diante delas fazermos o nosso exame de consciência.
Precisamos de rever constantemente como é que esse testemunho vivo de
Fé é vivido nas nossas comunidades; como é que o fazemos passar para
quantos colaboram connosco, a começar pelas estruturas do Instituto de S.
Miguel, como é que servas internas e servos externos são ou não sinal vivo
da relação com Jesus, no amor à Igreja, a começar pela presença nesta
Diocese e nas suas comunidades, principalmente as Paróquias; como é que
os amigos e mesmo admiradores – porque os há – da Liga dos Servos de
Jesus e do Instituto de S. Miguel descobrem ou não o segredo da
verdadeira fonte inspiradora do nosso carisma, a saber, a Pessoa de Jesus e
o real empenho de cada um e cada uma de nós de tudo fazermos para que
Ele reine.
Com programas mais elaborados ou menos elaborados, este tem de ser o
nosso propósito de sempre.
Estamos na Capela do Outeiro de S. Miguel, um lugar simbólico para o
carisma da Liga dos Servos de Jesus. Simbólico pela sua história de muitas
décadas, pela qualidade dos serviços aqui prestados e que a sociedade em
geral tem sabido reconhecer; simbólico porque tem o túmulo do venerável
servo de Deus Sr. D. João de Oliveira Matos.
E a palavra que ele hoje, ao terminarmos a nossa Assembleia Geral nos
quer dirigir é, sem dúvida, esta – cumpram o carisma que vos leguei, com
os necessários ajustamentos às atuais condições, quer da Liga quer da
Igreja quer da Sociedade em que vivemos.
Através do Sr. D. João, Venerável Servo de Deus, queremos dirigir este
especial pedido ao Senhor das nossas vidas. E especificamo-lo assim que o
Centro de Espiritualidade aqui sediado funcione em estreita ligação com a
memória do Venerável Servo de Deus e seja instrumento cada vez mais
bem aproveitado para vivermos e divulgarmos o nosso carisma.
+Manuel da Rocha Felício, Bispo da Guarda
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