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MARIA JOSÉ COUTO MATOS (Brevíssimo testemunho)

 

Em 25 de fevereiro do ano de 1944, nascia, na vila do Fundão, uma criança a quem foi dado o nome de Maria José Couto Matos. Era filha de Joaquim Salvado Matos e de Maria do Carmo Couto. Assim reza a certidão de nascimento. Do agregado familiar faziam parte mais dois irmãos e uma irmã.

Tempos atrás, reconheci-a numa velha fotografia que me caiu nas mãos. Fazia parte dum grupo enorme de crianças que frequentavam, com tenra idade, o Preventório, hoje Lar D. Isabel Trigueiros. Franzina, de bibe, mas já com os traços fisionómicos que sempre a identificavam. Teria nessa altura os seus dez ou doze anitos.

Pouco mais sei dela e da sua juventude. Estudando na Cerdeira formou-se em Lisboa. Regressou à Cerdeira do Côa agora como docente, ensinando as alunas com dedicação e profissionalismo.

Só no início da década de oitenta é que a conheci fazendo parte da Liga dos Servos de Jesus e integrando a comunidade da Cerdeira do Côa. Nessa altura, era uma das muitas irmãs que se deslocavam até ao Seminário da Guarda onde faziam formação teológica. (Tempos idos onde as salas se enchiam e a formação laical acontecia). Admirava-me muito, pois no fim de tanto trabalho diário ainda havia paciência e entusiasmo para se escutarem outros conteúdos e outros professores. Era um bom ‘Rancho’ de Servas de Jesus oriundas da Cerdeira do Côa, da Ruvina e do Rochoso. Também da Guarda. Participavam nas aulas, regressavam e chegavam a casa já pela noite dentro, para no dia seguinte retomarem as tarefas diárias e os deveres atribuídos.

Foi na Cerdeira do Côa que esta irmã colocou todos os seus talentos a render. Exímia professora sabia ensinar, exigia das alunas e sempre quis que todas elas singrassem nos caminhos que escolhessem. Sobre esta temática será preferível testemunhar quem de direito. Centenas de jovens, hoje mulheres, poderão testemunhar tudo quanto receberam da ir. Zé nos mais diferentes campos. Algumas a escolheram para madrinha.

Quando mais tarde lidei com a Liga dos Servos de Jesus, dei-me conta como ela sempre estava presente nas diferentes atividades da mesma. Conhecia o ideal do Senhor D. João e executava-o dentro das suas possibilidades. Na sua maneira de ser e de atuar punha em prática as ‘atitudes’ da verdadeira serva de Jesus, o ‘carisma’ da Liga, servindo-se dos diferentes ‘meios’ para alcançar o ‘ideal’ da Obra de D. João.

Sempre discreta sabia ouvir para mais tarde discernir com parâmetros humanos e cristãos e atuar em conformidade com os mesmos.

Acertou bem ao deixar-se guiar por quem a aconselhou vocacionalmente. Ter-se-ão já encontrado na Pátria celeste. Pela sua entrega a Jesus e à causa da Liga (amando-a servindo-a e defendendo-a) não deixará de receber a recompensa prometida.

Ministra Extraordinária da Comunhão realizou essa missão com fidelidade e dedicação. Tantas e tantas vezes presidiu à celebração da Palavra na comunidade onde residia. Muitos doentes receberam a comunhão através do seu ministério.

A irmã José Matos, julgo eu, soube interpretar e executar bem o pensamento do Sr. D. João: “Uma esmola de luz a um descrente, que lhe faça ver o verdadeiro sentido da existência, que grande caridade” (526/1937).

Em quantas formandas, outros e outras, não terá ela colocado esta esmola de luz? Só Deus sabe.

Aprendeu a lidar com as contrariedades da vida e sobretudo com o sofrimento. O seu calvário foi longo, vivido no silêncio, na fé e na confiança. Bem perto dos vinte anos. Soube o que escolheu e no que escolheu sempre se manteve firme. Foi assim todos os dias até ao fim. A Fé e a Esperança marcaram o seu ritmo até à doação plena.

Quando já não conseguiu resistir mais, aceitou serenamente, os recursos ‘últimos’. A reta final foi muito breve; vivida a sós com Deus na oração e nos sacramentos recebidos.

A sós consigo, com familiares e pessoas várias que a visitaram. Muitas mais quiseram estar com ela, mas impedidas, por diversas circunstâncias, de o fazer, muito rezaram por ela. Deus não deixará de as recompensar também

Na fase mais difícil e na unidade da dor, os serviços clínicos prestados, o pessoal médico e de enfermagem que dela cuidaram e outros foram exemplares.

Partiu para os braços do Pai, nos braços de Jesus a Quem serviu e de Sua mãe, a Senhora do Rosário. Velada na casa onde se gastou, o colégio da Cerdeira, despediu-se do povo da Cerdeira na Igreja Matriz onde foi celebrada Eucaristia exequial. Presentes, além do pároco e do Assistente da Liga, seis sacerdotes.

Feita a encomendação final, foi a sepultar (08/10/2022) na terra que a viu nascer e da qual nunca se esqueceu o Fundão. À ‘ilharga’ deste, a terra onde nasceu o seu Fundador, D. João de Oliveira Matos, a quem sempre venerou e seguiu no ideal de fazer Cristo reinar.

Que em Deus celebre a vida e o amor. N’Ele viva eternamente!

Irmã Zé Matos, reze por todos. Ficamos agradecidos.

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