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Testemunho sobre a irmã Teresinha Moreira



 TERESA DE JESUS (Moreira)

Como está longínquo o dia 14 de março de 1928. Foram noventa e quatro anos de vida. Estes, ainda que tenham passado muito depressa, revelam tempo significativo.

A irmã Teresinha assim conhecida, terminou a sua carreira entre nós no dia 23 de julho de 2022, ao cair da noite.

Teresa de Jesus (Moreira da parte da mãe) nasceu na pitoresca aldeia da Junça bem perto do rio Côa. Foram seus pais Manuel Monteiro Alverca e Maria Alves Moreira. Família cristã que viu com alegria a sua filha Teresa abraçar os ideias de D. João de Oliveira Matos.

Não conheço o percurso como Serva de Jesus nem as comunidades por onde tenha passado.

Há uns anos que se encontrava na comunidade da Liga dos Servos de Jesus na Cerdeira do Côa.

Julgo ter sido essa a comunidade que a recebeu também. Para aí se retirou depois de ter percorrido outras comunidades. Nas muitas missões que aceitou e realizou uma delas foi como responsável das irmãs que se encontravam no Seminário da Guarda. É daí que eu a conheço e com quem trabalhei. Decorria a década de 90.

Sempre a vi dedicada ao Seminário, de alma e coração, tudo fazendo de modo singelo e abnegado em prol do mesmo. Era sua tarefa coordenar os serviços das outras servas como também prover às necessidades do mesmo seminário acompanhando o responsável dessa altura no difícil apoio logístico.

Também era fácil encontrá-la dedicada às exigências da capela, do aprumo dos refeitórios e demais lugares que requisitavam a presença feminina. Flores, toalhas, rendas, bordados e outros apetrechos eram com ela.

Sem nos darmos conta esta irmã tinha uma personalidade forte e determinada. Sabia bem o que queria. Tudo fazia para o conseguir e executar na perfeição.

Foi Ministra Extraordinária da Comunhão. Executava este serviço tão discretamente que poucos sabiam que o exercia.

Festas que se realizassem no Seminário, retiros, ordenações, outros eventos, deixavam-na preocupada perante a hipótese de algo correr mal. Tal nunca aconteceu.

Ultimamente a sua saúde fora-se degradando. O pior de tudo era não poder responder às perguntas formuladas, pois a audição fora-se embora. Tinha imenso desgosto por não ouvir.

Enquanto pôde era das primeiras a ir para a capela. Quando tal não foi possível rezava e recebia a Comunhão nos seus aposentos. Depois horas e horas sozinha. Horas e horas com o seu Deus. Era uma mulher de oração.

Quando alguma irmã estava por perto, também doente, penosamente lá ia ela até ao quarto para ver se era preciso alguma coisa. Mulher sempre atenta e caridosa.

Nunca deixou de estar presente nos diferentes locais onde devia estar; querer aprender sempre foi um dos seus lemas. Sempre que a visitava uma das suas perguntas era necessariamente sobre os meus pais.

Visitei-a dois dias antes de partir.

Deus recordou-se dela e ela, serenamente, foi ao Seu encontro. Certamente, purificada e preparada, ter-se-á deparado com Cristo Jesus e o Seu Reino ao qual sempre quis servir.

Entre muitos pensamentos do Sr. D. João existe aquele que diz: “Viver na terra com o pensamento no Céu, cumprir todos os deveres com os olhos em Deus eis a justiça que leva à bem-aventurança” foi um dos que sempre norteou a irmã Teresa de Jesus.

Que este lema a tenha conduzido à eterna bem-aventurança.

Essa é a nossa confiança. Foi a sepultar no cemitério de Cerdeira do Côa. Presentes muitas irmãs, algumas, estando em retiro, fizeram questão de estar presentes.

P. Alfredo Pinheiro Neves

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