Morreu a irmã Ascensão Pires, no Centro de São João de Deus, onde se encontrava à algumas semanas a recuperar de intervenções cirúrgicas complexas e repetidas, que não havia meio de a deixarem bem.
Nessa manhã do dia 9 de julho, passado, tinha conversado muito bem, com quem a visitou, e com o enfermeiro de serviço. Não se previu o desfecho umas horas depois.
Era natural de Vale Mourisco - Sabugal, nascera a 9 de abril de 1931. Aquele que foi o seu pároco por quase 5 décadas, na paróquia da Imaculada Conceição – Covilhã, na eucaristia de acção de graças pela sua vida, (na chamada missa de corpo presente), disse: “Por trás da sua acção, foi possível reconhecer a figura do venerável D. João de Oliveira Matos que está em processo de beatificação”.
Ascensãp Pires, conheceu o sr. D. João quando era pequenita. Preparava-se, no Rochoso, com a professora Maria Emília Viegas, para o exame da 4.ª classe. Uma companheira, dessa altura, uns anos mais nova mas, como ela, a preparar-se para o mesmo exame, assistiu às provas da menina Ascensão Pires e recorda como ela a impressionou. “tinha um falar diferente - meiguinho, e, sabia tudo!”
A par com esta formação, no Rochoso, ensinava-se costura e o P.e António Henriques dos Santos, capelão da casa e Servo, preparava as raparigas para darem catequese, saberem os fundamentos da música litúrgica e até do canto gregoriano.
Ascensão Rodrigues é recordada por essas: mais novas, de então, a congregar e orientar o grupo. E recordam mais: ela era sempre uma das escolhidas para ajudar na arrumação e limpeza da casa do sr. vigário, ao lado do colégio, onde o sr. D. João ficava, sempre que ia ao Rochoso.
Depois de uma temporada em São Romão, o pai adoeceu e a irmã Ascensão Pires foi dar assistência à família. Era filha única do primeiro casamento, tinha uma meia-irmã.
Regressou, teria pouco mais de 40 anos quando assumiu a coordenação, na Covilhã, do Centro de Convívio de St.º António. O aprumo e a higiene foram as suas bandeiras naquela valência que é, por todos, conhecida como: O Abrigo.
Na paróquia, deixou a marca de uma catequista muito bem preparada e muito responsável. Só com a pandemia interrompeu essa missão.
Enquanto ministra da comunhão, a sua preocupação era com os doentes.
A forma atenta como lidava com os pobres revelava o espírito de servir.
Também a caracterizava a união com os outros membros da Liga dos Servos de Jesus, nomeadamente com as irmãs a residirem no Centro Cultural da Covilhã. As duas comunidades, ao domingo, almoçam juntas e fazem o recreio em comum.
A irmã Ascensão, levantava-se cedo, pelas seis da manhã e rezava longamente, sozinha. Reconheciam-lhe uma grande devoção a São José. Quando rezava o terço, ao meditar o 2.º mistério glorioso, invariavelmente enunciava-o assim: “Que Jesus, na sua Ascensão ao Céu, continue a velar por esta sua Ascensão que ainda vive na terra”.
Chegou pois a hora desta Ascensão, junto de Deus, velar por todos nós que, por breve tempo, ainda vivemos na Terra.
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