Avançar para o conteúdo principal

Em breve se iniciará a Quaresma. Tempo de renovação, tempo para nos confrontarmos e de nos deixarmos iluminar pela Palavra; tempo de renascermos; tempo de criarmos espaço para que a misericórdia divina nos envolva e nos faça novas criaturas.


MAIS QUE TRABALHAR NA VINHA,

SER VINHA…!

            Sentado à secretária, trabalhava eu, dias atrás, elaborando um trabalho qualquer. Como sempre e para ambiente de fundo acompanhava-me o televisor que em som reduzido ia apresentado programas de “entretimento” servidos em avassaladores espaços publicitários. Num dos “zappings” realizados, apareceu-me alguém, que disse ser a diretora e a realizadora do famoso e sempre útil “Borda-d’água”. Parei o trabalho que estava a fazer e escutei-a um pouco. Fiquei surpreendido. Praticamente é ela quem o ‘concebe’, ‘gera’ e ‘dá à luz’. Depois são muitos e muitos ‘ardinas’, espalhados pelo pais, quem o procura vender e fazer chegar ao público. Das receitas obtidas consegue-se o sustento do mesmo e, numa ação social, ajuda-se os que o divulgam e têm carências de várias ordens.

Dias depois, nem de propósito, cruzou-se no meu caminho, uns desses ‘ardinas’. Pensei na reportagem e levado pela ‘conversa’ da senhora Diretora lá adquiri um exemplar. Não foi a primeira vez. A dizer a verdade, as informações que presta, as curiosidades que apresenta, as previsões meteorológicas que faz, o papel característico utilizado e a impressão tradicional valem bem o preço. Quando cheguei a casa dei-lhe uma vista de olhos. Fiel a si mesmo…!

Como todos sabemos em cada mês, em cada quinzena, em cada semana, em cada ‘lua’, há sempre tarefas específicas a realizar e que ele avisa. Não vou fazer mais propaganda. Nestes tempos últimos, ele tem falado das ‘podas’, que devem ser feitas nas árvores, roseiras, outras plantas, de jardim.

Veio-me ao pensamento, não sei se por influência disso mesmo, o capítulo 15 de São João quando afirma:

«Eu sou a videira verdadeira e o meu Pai é o agricultor. Ele corta todo o ramo que não dá fruto em mim e poda o que dá fruto, para que dê mais fruto ainda. Vós já estais purificados pela palavra que vos tenho anunciado. Permanecei em mim, que Eu permaneço em vós. Tal como o ramo não pode dar fruto por si mesmo, mas só permanecendo na videira, assim também acontecerá convosco, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanece em mim e Eu nele, esse dá muito fruto, pois, sem mim, nada podeis fazer. (…) Nisto se manifesta a glória do meu Pai: em que deis muito fruto e vos comporteis como meus discípulos.» (Jo. 15, 1 ss.)

Deixo para trás tudo o que ao almanaque diz respeito e fixo-me na PALAVRA agora transcrita.

Não há tempo algum em que não seja necessário deixarmos que a Palavra (Jesus Cristo) nos vá ‘podando’, de modo a darmos ainda mais fruto. Toda a nossa vida e em todas as circunstâncias da mesma são ‘tempo oportuno’ para darmos fruto de modo constante, sempre bom e que a todos alimente.

Também é verdade que em todo o tempo, nascem e crescem em nós ramos que jamais darão  fruto; e naqueles que dão fruto ‘impureza de natureza vária’, que ao serem retiradas nos tornam muito mais ‘sadios’.



Em breve se iniciará a Quaresma. Tempo de renovação, tempo para nos confrontarmos e de nos deixarmos iluminar pela Palavra; tempo de renascermos; tempo de criarmos espaço para que a misericórdia divina nos envolva e nos faça novas criaturas. A Páscoa será o tempo da ressurreição; tempo do Espírito; tempo dos dons e dos frutos que do mesmo Espírito brotam. Fica o desafio…!

De quando em vez, vou abrindo o dito almanaque. Não está na Net. Dizem vender mais de 280 mil exemplares; é impresso numa ‘tipografia tradicional’; na rua da alegria, Lisboa. Em toda(s) a(s) época(s), qual sentinela que vigia ele apela aos cuidados a ter em conta com a gricultura. Fala das regas, sachas, podas, caldas, luas, marés e não sei que mais. Todos sabemos que mais do que ele possa informar ou sugerir, é o trabalho do agricultor diligente. Esse é que não pode faltar.

No campo Espiritual, o mais importante será o nosso empenho, o nosso querer e o deixarmos que o AGRICULTOR (entenda-se o PAI), opere leia-se (‘corte’) em nós tudo o que não dá fruto. Nós, enquanto verdadeiro ‘corpo’ e verdadeiros ‘ramos’ da única Cepa (leia-se FILHO). O quereremos e o deixarmos será a nossa parte, os resultados (frutos) brotarão sempre da acção de Deus (leia-se do ESPÍRITO) em cada um de nós.

Mais do que trabalhar na ‘Vinha’ integremos a ‘Vinha’. Mais que integrar a ‘Vinha’ sejamos ‘ramos’ da única ‘Cepa’. Só com ela daremos fruto abundante.



Guarda 2019-03-01

________________________

P. Alfredo Pinheiro Neves

(Assistente Geral)


Comentários

Mensagens populares deste blogue

Celebração do 101.º Aniversário da Liga dos Servos de Jesus com Enfase no Jubileu e na Centralidade da Pessoa Humana

A Liga dos Servos de Jesus assinalou no dia 11 de fevereiro de 2025 os seus cem anos mais um. O 101.º aniversário havia já sido assinalado, através de oração de ação de graças, no dia 13 de fevereiro, na capela de São Pedro da Guarda, com adoração ao Santíssimo Sacramento. Outras iniciativas pessoais e comunitárias terão, com certeza, lembrado a efeméride, mas o ponto alto, em que toda a Liga – Servos internos, externos, simpatizantes – foi convidada a reunir-se, aconteceu no dia 15 de fevereiro, no Outeiro de São Miguel. Pelas 15h00 teve iniciou a recoleção em que foi orador o Superior Geral, D. Manuel da Rocha Felício. Introdutoriamente, explicou que nos reuníamos para assinalar 101 anos que “fazem parte, de certa maneira, de os que aqui se encontram”, já que prevalece o “Carisma que nos toca, e de que maneira, a todos nós”. Aproveitou ainda para saudar o Pe. Manuel Igreja Dinis, além presente, lembrando que o Centro de Espiritualidade, que o sacerdote dirige, “tem uma importância ma...

Celebração em Ação de Graças pelos 101 anos da Fundação da Liga dos Servos de Jesus

Hoje, 13 de fevereiro, amigos, simpatizantes e membros da Liga dos Servos de Jesus reuniram-se na capela de São Pedro, na Guarda, em ação de graças pelos 101 anos da Fundação da Liga. Não sabemos se foi em resposta ao convite da coordenadora Geral, Irene Fonseca, ou a outros sinais do Espírito Santo, mas muitos se juntaram para celebrar.   A oração foi presidida pelo reverendo P.e Alfredo Pinheiro, que conduziu a hora santa com a profundidade a que já nos habituou. Além do guião com cânticos, monições e leituras bíblicas, escolheu também textos do venerável D. João de Oliveira Matos. A celebração foi um momento de profunda união entre Deus e todos os presentes, refletindo a importância da Eucaristia na vida da Liga dos Servos de Jesus ao longo de mais de um século de existência. Que este tema escolhido: "A vida" continue a fortalecer a fé de todos os que se juntaram para celebrar esta data significativa, bem como aqueles que quereriam mas não puderam estar presentes.  No ...

homenagem e respeito pelo legado de Hipólito Monteiro Oliveira.

 A 5 de novembro de 2024, partiu para a Casa do Pai, após doença prolongada, o servo externo Hipólito Monteiro Oliveira, com 86 anos (20/08/1938). Era filho de José Oliveira e Ilídia Monteiro, de uma fratria de quatro irmãos, casado com a senhora D. Maria de Lurdes Pina. Era pai da senhora D. Margarida Maria Pina Oliveira e de José Manuel Pina Oliveira, ambos funcionários nas bibliotecas de Sabugal e Cantanhede. Falava com muito orgulho das suas netas optometristas, filhas da D. Margarida, e do seu neto médico anestesista, filho do senhor José Manuel. O senhor Hipólito foi sempre um homem dedicado ao trabalho nas suas múltiplas funções, das quais destacamos: construía as suas casas, que dizia serem para os filhos, mas, se surgisse uma oportunidade rentável, fazia negócios para assegurar a saúde financeira da família. Era, para a Igreja e para obras de caridade, um generoso e bom contribuinte. Exerceu ainda a atividade de fotógrafo e encadernador, com oficinas montadas. Era um homem...