(Abílio Guerra Junqueiro) “Recordam-se
vocês do bom tempo d'outrora,
Dum tempo que passou e que não volta mais,
Quando íamos a rir pela existência fora
Alegres como em Junho os bandos dos pardais?”
Dum tempo que passou e que não volta mais,
Quando íamos a rir pela existência fora
Alegres como em Junho os bandos dos pardais?”
Era assim nuns longínquos anos atrás…
É assim hoje - embora só de quando em
vez - quando se torna necessário percorrer os últimos metros ou até à sala de
aula ou, no regresso a casa, depois de deixar o autocarro. É sempre bom vê-los
passar, mochila às costas, em bandos desiguais, “Alegres como em Junho os bandos dos pardais”.
Nesses
bons tempos de outrora, era preciso caminhar muito, vencer frios, ventos e
tempestades para escutar a “Mestra”, o “Professor” ou fosse lá quem fosse.
Nesses tempos, bastava o programa: “ler, escrever e contar”. Depois partia-se
para a labuta da vida. Os mais abastados economicamente e possivelmente mais
inteligentes prosseguiam os Estudos; saíam da aldeia ou vila e voltavam
doutores para depois tornarem a “desaparecer” rumando novas paragens. Hoje
felizmente é diferente. O Estudo tem caráter obrigatório e a educação é mais
que necessária. Quem estuda e aproveita as oportunidades, consegue porventura o
“ganha-pão”, sobe na carreira, estabelece-se na vida, enfrenta desafios e não
desiste de vencer. Quem não faz este percurso dificilmente triunfa, cai no
esquecimento e é um entre os demais.
Tal como ontem, como hoje e como amanhã
cada um de nós, cada pessoa tem sobre si uma missão: “aprender, criar asas,
voar, amar, ensinar, partilhar”.
Hoje mais do que ontem, a vida
obriga-nos a uma aprendizagem permanente, rápida e em constantes
“atualizações”. Não o fazer é envelhecer e morrer precoce.
Hoje, mais do que nunca, não basta
‘criar asas’ e, mais que ‘voar’, é necessário conhecer, entender, dominar
campos vários e aproveitar todas as oportunidades. Perder uma só oportunidade é
correr o risco de nunca mais levantar voo. Amar o presente e deleitar-se nele é
perder o futuro. A vida é, como canta o poeta, “perpétuo movimento”.
Hoje, mais do que nunca, é necessário
‘voar’. Já não basta ‘planar’. Só vencendo marés e ventos contrários se alcance
a altura e o porto desejado.
Hoje, mais do que nunca, é necessário
ensinar e partilhar conhecimentos. De que nos serve a ciência ou a sabedoria se
a mesma vier a morrer connosco? A Sabedoria dá tempero e sentido à nossa
existência e à existência dos demais.
Hoje, mais do que nunca, é necessário o
Amor. A falta de Amor leva à morte e aniquila a vida. Sempre assim foi. O Amor
é para sempre. É Deus. O Amor total é Deus. Só Deus nos faz: “rir pela existência fora”.
Deixemos
estas realidades terrestres e passemos às realidades que perduram. Deixemos o
campo material e debrucemo-nos sobre o espiritual. Também aqui é preciso
exercer a nossa MISSÃO. Neste campo seremos sempre “fracos estudantes”. Também
não há muitos Mestres e o exame final repete-se para todos e em todos os
tempos. Apresentará sim soluções diferentes, metas diversas e caminhos únicos
para se chegar sempre à mesma resolução. Cada
um de nós deve ser solução.
Os maiores alunos neste campo,
encontraram “Denominadores Comuns” propostos por Jesus Cristo que os
definiu. Entre eles recordo a humildade, a simplicidade e a generosidade.
Depois e com o Resultado obtido elevaram-no à sua “Potência Máxima”.
De que modo? Escutando,
“aprenderam”; convertendo-se,
“criaram asas”; transfigurando-se,
“voaram” e amando, “partilharam
tudo”; Dando tudo tornaram-se
“reflexo” e “imagem de Deus”. Assim se tornaram admiráveis. Em todos eles se
realizou a profecia de Javé transcrita por Isaías:
“Eis
o meu servo a quem eu protejo, o enlevo da minha alma, crescerá e elevar-se-á”. Ele não gritará, não levantará a
voz, não clamará nas ruas. Anunciará com toda a fidelidade a verdadeira
justiça. (…) Segurei-te pela mão; formei-te e designei-te como aliança de um
povo e luz das nações(…) Para abrires os olhos aos cegos, para tirares do
cárcere os prisioneiros, e da prisão, os que vivem nas trevas”.
Finalmente e cumprindo o pedido do Mestre actuaram, qual luz
cintilando no velador, qual fermento e sal no meio da massa, qual
óleo e perfume, nas mais diversas situações, de modo pleno nas multiplas contrariedades e
nos misteriosos sofrimentos.
Esta foi a sua MISSÃO. Esta há-de ser a nossa MISSÃO também.
Um “ano Missionário”, um “mês missionário”, um “dia das
missões” a viver e a celebrar, mas sempre e só uma MISSÃO e um único
MISSIONÁRIO enviado pelo Pai para que todos alcancemos a nossa missão:
“Chegar e pertencer ao Pai, como
filhos, em família, no Amor trinitário, expressão máxima do Reino de Deus”
Guarda,
01-10-2018
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P. Alfredo Pinheiro Neves
Assistente Geral
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