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Ser irmão/ã e viver essa realidade é servir e amar a Deus. É sobretudo fazer com que Ele reine em nós e na nossa comunidade.


COERÊNCIAS

Penso não ser só no meu ‘torrão natal’ que tal aconteça. A família que leva o sobrenome de “Rasteiros” serem dos mais altos; a família dos “Serras” não ultrapassarem a altura dos pequenos outeiros; a família dos “Direitos” não deixarem de, como as demais, terem algo de problemático; A família dos “Neves” e dos “Saraivas” apresentarem um ‘coração’ demasiado quente e assim sucessivamente.
       A propósito disto lembrei-me do que S. João escreve na sua 1ª carta:Se alguém disser: «Eu amo a Deus», mas tiver ódio ao seu irmão, esse é um mentiroso; pois aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. E nós recebemos dele este mandamento: quem ama a Deus, ame também o seu irmão”.
                Ou seja aquilo que realmente nos é pedido é a coerência em tudo o que somos e fazemos.
Durante toda a nossa vida, hoje mais do que nunca, deve-se exigir a todos mais transparência, maior atenção, maior respeito, mais dedicação, mais carinho e maior configuração ao que somos, dizemos e realizamos. É isso que também nos é pedido por Jesus Cristo. seja a vossa linguagem: “sim,sim, não, não”.
Não sei quando é que os elementos da Liga se começaram a tratar por “irmãs”. Tão pouco isso interessa. Sei que Jesus no seu ensino pediu sempre aos seus discípulos: “Não vos deixeis tratar por mestres...porque Deus é pai de todos. Um só é o vosso Mestre e vós sois todos irmãos”. “O maior entre vós será o servo de todos. Haveis de ser perfeitos como perfeito é o vosso Pai do Céu”.
Como em toda a parte, quando os elementos de determinada comunidade da Liga se dão bem e “encaixam” uns nos outros facilmente se tratam até por “ tu”, numa amizade profunda; usar o nome próprio de alguém é excelente. Importa contudo nunca esquecer o ideal, a espiritualidade e a missão que o Fundador nos atribuiu.
Muitas vezes, o termo “irmã” vem repleto de ternura, respeito, estima e carinho. Acontece isso junto das irmãs mais “velhinhas”. Mais significativo quando utilizado com as que, (julgamos nós) se encontram no limiar da eternidade e lhe afagamos o rosto, as mãos ou a cabeça pendente. Aí o termo “irmã” tem sabor quase pleno.
Mal irá quando o mesmo termo, as mesmas letras, a mesma escrita, mas não o mesmo tom, manifestam de modo diplomático: distância, frieza, falta de diálogo, má vontade ou porventura agressividade.
Somos muito pródigos e fáceis em dar os sentidos mais diversos ao termo Joanino: “BREFOS”= Irmão. Irmão de coração. Com o mesmo termo nada nos custa mostrar a riqueza e a bondade que possuimos como também mostrar cruel indiferença, para não dizer ruindade, face ao outro. Somos realmente muito frágeis.
Valha-nos ao menos a fidelidade de Jesus Cristo que em toda a parte e circunstâncias nos trata de igual modo usando de Misericórdia para com todos. “ Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”. “Eu não vim para condenar o mundo, vim para que o mundo seja salvo”.
Tendo acabado há muito os reinados dos “Senhores” e das “Senhoras” juntamente com os títulos de  “Donas”, que o termo “irmão/ã” não se degenere em algo bem pior. Recordemos Caim em relação a Abel: “acaso serei eu o guarda de meu irmão?” Recordemos José: “lá vem o homem dos Sonhos…”. Recordemos a “casa de Saul” e a “casa de David” para não falar de muitas mais que como se lê na Bíblia, geraram, alimentaram e viveram de intrigas.
Jamais esqueçamos a repreensão de Deus ao seu povo “ Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. É vão o culto que me prestam”.
Ser irmão/ã e viver essa realidade é servir e amar a Deus. É sobretudo fazer com que Ele reine em nós e na nossa comunidade.

Guarda, 01-09-2016

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P. Alfredo Pinheiro Neves

(Assistente Geral)

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