ANO
NOVO
(Com uma receita sempre nova)
Tendo deixado para trás a quadra natalícia,
vem-nos à memória as mil e uma receitas das iguarias de que lhe são próprias.
Quantas vezes, vi e ouvi pessoas a ensinarem outras o modo como elas
confecionam as sobremesas mais apetitosas (ovos, natas, caramelo, lume brando,
açúcar, mel, banho-maria, temperatura do forno e tudo mais que me abstenho de
escrever). Tudo isto porque a quadra deve ser específica, rica de significado e,
mais ainda, de conteúdo. Cada Natal é sempre singular e por isso mesmo
diferente.
Neste contexto, veio-me ao pensamento: porque
não escrever algo que possa servir de “receita” para este novo ano que se
avizinha? A ideia não é nova nem original. Também não posso deixar de admitir
que haja muitas outras receitas “bem melhores” do que esta. Seja-me permitido,
da vossa parte, deixar esta com cinco ingredientes:
·
Acreditar: Só ouvindo e acreditando na mensagem divina recebida, é que nos
podemos motivar, uma vez mais, a fazer algo de novo. Só voltando a renovar a
nossa fé no Deus absoluto é que nós, porque dotados de dons únicos, podemos dar
origem a algo de novo. Sem fé nada se fará. Quem não acredita fica realmente
inativo tornando-se peso morto e massa por levedar.
·
Apostar: Que nos interessará acreditar profundamente, se não passarmos à
ação. Sem obras tudo o que possamos acreditar ficará sem visibilidade e sem
proveito quer pessoal, quer para os outros.
Julgo que mais do que nunca, ficará sempre bem
aquilo que o Senhor nos ensina: “Vou fazer
algo de novo, não notais?” Cada dia, cada manhã, cada ano é uma nova aposta
com direito a recompensa na proporção da generosidade apostada.
·
Admitir: Que sem o Outro nada conseguirei alcançar. “Se o Senhor não edificar a casa…”; Que o outro possa fazer mais e
melhor; Que ninguém fará melhor do que eu no que a mim diz respeito; Que frágil
como sou, posso falhar, errar ou desistir; Que em qualquer momento a minha
presença é sempre importante e necessária; Serei sempre parte integrante, muito
embora pequenina no Reino de Deus; Que comigo a glória de Deus se revelará mais
significativa.
·
Ajudar: Há mais de cinquenta anos que meus avós e meus pais não dispensavam
a minha ajuda por ocasião dos preparativos de algum evento ainda que essa ajuda
fosse muito pequenina. Às vezes só para ir fechar a porta, para fazer chegar às
suas mãos um utensílio, pegar fosse no que fosse, ou ainda a necessidade de me
ir embora para não atrapalhar mais.
Quem não necessitará da minha ajuda? Qualquer
missão a que o Senhor me chama é sempre preciosa para a minha realização.
Ajudar os outros ou estar disponível a tal é a forma mais significativa de dar
sentido à minha vida. “Porque ficastes
aqui ociosos durante todo o dia? – porque ninguém nos convidou”.
·
Amar: Se a caridade é para sempre, como poderia ela ficar ausente nesta
minha proposta? Por mais e melhores ingredientes que possamos
juntar, sem a caridade presente nada se conseguirá. “Acima de tudo revesti-vos
de caridade para com todos”. Recordemos o que pedia Santo Agostinho: “Se calas, cala por amor. Se falas, fala por
amor. Se corriges, corrige por amor. Se perdoas, perdoa por amor. Põe no fundo
do coração a raiz do amor. Dessa raiz não pode crescer senão o bem”.
Notas: Para ser servido a todo o momento;
Tanto mais saborosa com a presença de todos os ingredientes nas
proporções devidas;
Sem data de validade;
Própria para todas as idades;
A consumir durante os nossos dias e enquanto é tempo;
Muito saudável e sem calorias adicionais;
Compatível com todas as doenças;
Um amargo doce próprio de quem saboreia;
Não necessita de frio para se conservar;
A servir em temperatura ambiente;
Stock inesgotável;
Basta servir-se.
A
todos vós, formulo votos de continuação de Festas felizes. Bom ano 2016.
Guarda 2016/01/01
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P. Alfredo Pinheiro Neves
(Assistente Geral)
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