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IRMÃ JOAQUINA SILVA

 Joaquina da Silva nasceu na aldeia de Santo Estevão, Sabugal, no dia 01/03/1931. Foram seus pais: Luís Martins da Fonseca e Amélia Silva. Deste casal nasceram mais quatro filhos: António, já falecido, Odete, Estela e José que felizmente ainda vivem.

Aos quinze anos a jovem Joaquina da Silva entra na comunidade da Ruvina onde conhece e aprofunda a espiritualidade do Fundador, D. João de Oliveira Matos. Entretanto destinam-lhe trabalhos específicos: Cozinhar e trabalhar no campo. Aceita com alegria. Joaquina da Silva acompanha os seus trabalhos com canções populares. Tem uma voz excelente e canta muito bem. O canto nunca mais o largou e ainda que o não manifestasse publicamente saboreava-o de modo muito próprio. Canções e mais canções marcarão a sua alegria. Ao sair da comunidade da Ruvina esperava-a uma outra comunidade, a comunidade do Outeiro de S. Miguel. Para além dos trabalhos da cozinha, acabou por ter como dever principal os trabalhos de lavandaria.

O Abrigo, o Colégio de São José e as terras de Monte Brito - Alentejo - foram outras casas onde ela também se gastou. A casa “O Beiral”, em Manteigas, antecedeu a sua chegada ao Lar D. Isabel Trigueiros na então vila do Fundão. Também aqui o seu dever principal e quase exclusivo foi confecionar refeições para as centenas e centenas de crianças, adolescentes e jovens que lá viveram, estudaram e se tornaram adultos.


O feitio da irmã Joaquina era muito peculiar. Sempre metida nos seus afazeres sem nunca deixar escapar o mais ínfimo pormenor. Guardava e calava. Fazia parte de si mesma a ‘esperteza’ numa mistura de ‘desentendimento’. Sabia bem o que queria e tudo fazia para o alcançar. Tinha memória prodigiosa e usava-a quando necessário. Excelente cozinheira, raramente se sentava à mesa com os outros. As refeições para ela tinham o seu momento próprio e raramente obedecia a horários. A acompanhá-la sempre um velho rádio onde, diariamente, acompanhava a recitação do terço e ouvia músicas sem fim.

A Irmã Joaquina (Quina carinhosamente assim chamada) não deixava de visitar os seus familiares e era perto deles que, em férias, gostava de estar e de negociar com quem aparecesse. Recordo a quantidade de sementinhas de maças que ela não terá vendido. As feiras eram local de que gostava e que, sempre que podia, não deixava de frequentar. (…) Pretextos tinha-os de sobra, para ir e dar dois dedos de conversa a quem quer que fosse. Gostava de conversar e de saber. Sabia que o seu trabalho era humilde e passava despercebido, mas se não fosse bem executado todos reclamariam. De quando em vez, ria-se disso!

Mas, tal como diz a letra da canção: “… parece que a vida passou! Passou por nós”. A vida ‘passou’ por ela também, tal como passa por nós.

A doença aproximou-se e fez-lhe companhia até ao fim da vida.

A partir do momento em que não foi possível viver mais na comunidade do Fundão, deu entrada no Centro de Acolhimento de S. João de Deus. Aí viveu por vários anos. As poucas forças debilitaram-se mais e mais, sempre mais…

Já na parte final acabou por acamar. A sua carreira terrena teve o seu fim no dia 3 de Dezembro de 2020. Contava oitenta e nove anos. Celebrava-os no mesmo dia do Fundador, D. João de Oliveira Matos.

Em homenagem à comunidade que a recebeu foi hoje, dia 4 de Dezembro, a sepultar no cemitério da Ruvina. Eram quatro horas da tarde. Presidiu à cerimónia fúnebre o pároco local, Daniel Cordeiro. Apesar das poucas irmãs fisicamente presentes, devido ao atual estado de emergência, toda a Liga dos Servos de Jesus não deixou de estar presente e de rezar por ela de um outro modo.

A Irmã Joaquina foi encomendada à Misericórdia divina de modo muito singelo entre cânticos diversos, orações e inerentes à Palavra de Deus sobre o Banquete. “… E passando diante deles os servirá”. A quem tantas refeições confecionou durante a vida terrena, agora, na Vida sem fim, Jesus ter-Se-á apresentado como banquete nupcial e certamente, passando diante dela, a terá servido também.

A tarde era gélida de neve. O sol deixara de brilhar. A urna desceu a terra. As pessoas presentes, nove com o sacerdote, partiam já.

Em todos eles terá ficado a unção e certeza do Cântico final:“ Com minha mãe estarei, na santa Glória um dia (…) No Céu, no Céu, com minha Mãe estarei!”.

Quantas vezes o não terá ela cantado enquanto viveu.

Que Maria, a Mãe Imaculada, a envolva no seu manto maternal e a aconchegue eternamente.

Que na Paz de Deus, reze por nós.


(testemunho P. Alfredo Pinheiro Neves)

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