Beatriz Caldeira Martinho, fez o que o Sr. D. João pregava que uma Serva de Jesus devia fazer. Na paróquia: deu catequese, visitava os idosos, os doentes e frequentava a eucaristia; dedicou muitas horas sua da vida à adoração.
Quanto à sua chegada ao Rochoso, recordam as do mesmo grupo, que veio pela mão da mãe, ainda muito pequena. O irmão ainda mais novo, o António, portador de deficiência física, foi para o Abrunhal e o irmão mais velho, o José, para o Outeiro, onde aprendeu tipografia e conseguiu a sua autonomia financeira. A Beatriz, integrou o grupo das servinhas. Fez a sua consagração definitiva, em 1955, e acharam-lhe competências para trabalhar na secretaria, estavam ainda na primeira casa, na debaixo, aquela ao pé da estrada.
Mas, a maior parte da sua vida, não a dedicou a papéis, recibos, nem a trabalhos de secretariado.
O amor da Liga aos sacerdotes enviou-a para o presbitério, em Viseu.
Mas a sociedade estava a mudar; as mulheres em geral e as mães, a assumirem empregos remunerados, era preciso, como apoio à família, oferecer locais seguros de crescimento aos adolescentes que deixavam de ter idade para frequentar os jardins-de-infância.
Com a Maria Luísa Godinho, a Assistente Social da Liga, a irmã Beatriz, em São Romão, abriu a valência, à altura pioneira no género, de ATL.
Até aí, as meninas do patronato, orientadas em parte por servas externas, aprendiam sobretudo bordados, costura e faziam o seu enxoval. Dessa iniciativa em diante, começaram a experimentar outras atividades nas áreas da escrita, matemática e das expressões plásticas. Como sabemos, o público-alvo dos ATLs, evoluiu para misto e a irmã Beatriz, muito dedicada a este novo tipo de serviço social, no salão, como se dizia na localidade, chegou a ter 70 utentes, com um grau de satisfação muito grande das respetivas famílias. Além da ajuda nos trabalhos escolares, organizava festas e davam passeios sempre que podia.
Quando foi necessário, esteve com a mãe, ainda foram cerca de dez anos, a prestar-lhe auxílio na doença.
A irmã Cândida que viveu com a Beatriz em São Romão, testemunhou-nos que a esta, quando lia um panegírico de alguma irmã, destes que se publicam na revista «Luz e Vida», dizia muitas vezes: «eu não quero que façam assim comigo. Basta a data em que nasci e em que morro». E acrescentava, «Não quero que se ponham lá a escrever muita coisa...»
Teremos, então, que lhe fazer a vontade: Beatriz Caldeira Martinho, nasceu para este mundo em Belmonte, a 19 dezembro 1936; e nasceu para o Céu, a partir do Centro São João de Deus, a 28 outubro de 2020.
E sem querermos contrariar muito nos moldes em que o anuncio do seu falecimento devia ser redigido, acrescentamos apenas que, de 2009 a 2012 esteve como coordenadora da comunidade do Rochoso. Completou esse mandato, de 3 anos como manda a norma e, ela própria, organizou tudo para o seu regresso à comunidade de São Romão.
Por causa da pandemia, poucas pessoas a poderão acompanhar ao cemitério. Já as boas obras e a caridade que praticou, essas, sabemos que não ficarão sujeitas a limites nem de número nem do espaço. Acompanha-la-ão mais além, e estarão com ela na presença do Senhor a quem consagrou a vida em consistente doação.
Comentários
Todos os dias eu rezo a Deus por todas as Irmãs falecidas da Liga dos Servos de Jesus. Até sempre.
António Sérgio Aguilar do Nascimento a sentir-se agradecido