Folheando a Bíblia, não nos é difícil encontrar reis ou
profetas preocupados em obter o número exato dos seus vassalos ou do povo de
Deus. Acontecia isso quase sempre antes ou depois das batalhas. Quando estas eram
desfavoráveis a Israel o texto bíblico termina dizendo: “ … e pereceram muitos em Israel”.
Ainda não há muito, andámos e andamos atarefados
para saber o número exato das vítimas da tragédia de Pedrogão Grande e outras
povoações em redor; também agora nas “idas e vindas” de férias se contabilizam
o número de acidentes, dos mortos e dos feridos; nos jornais e noticiários aparecem
todos os tipos de estatísticas.
Realmente entretemo-nos muito a fazer
contas. Depois das eleições, estas estão para breve, todos os partidos
políticos apresentarão os resultados conjugando as previsões e a realidade
obtida. Todos contarão as “sua espingardas”. Foi feito ainda há pouco o elenco
do material bélico desaparecido na base militar de Tancos. São contas e mais
contas. Até parece o fado de Amália Rodrigues cujas contas também não dão
certo…; são em milhares de euros as contas relativas às transferências de
atletas. Assim vai o mundo do futebol. Resta-nos ainda as contas que temos de
fazer à nossa vida… Seja-me permitido afirmar o seguinte:
São bem diferentes as contas do nosso
Deus. Estas raramente coincidem com as nossas. O nosso Deus parece não gostar
muito dos nossos números. “Desagradou a
Deus a ação de David recensear o seu povo….” (1º Crón. 21,1 ss.);
Quando perguntaram a Jesus se eram
muitos os que se salvariam (Lc. 13,23) Ele mesmo ultrapassou a pergunta
respondendo de um modo que ninguém esperava: “Alegrai-vos antes porque o vosso nome se encontra inscrito no livro da
vida, no Céus” (Lc. 10,19; Ap. 21,7).
Gosto de me pôr a pensar: Como será tal livro? que formato terá? Um
rolo? Em folhas A4? Ou folhas A5? Com que caracteres se apresentarão os nomes?
Em Árabe ou em escrita cuneiforme? Em chinês, ou hindu? Qual o material de
tinta? Que tipo de caneta, de pena ou esferográfica será utilizada? Não será
antes a lazer? Será mesmo assim como Jesus disse? Talvez tenha sido apenas um
modo de ensinar… uma parábola… uma história… um modo de dizer… demos asas à
nossa imaginação. Não haverá mal algum.
No fundo todos nós sabemos que existe
apenas uma única Palavra (O VERBO); Há uma só maneira de a escrever
(ENCARNAÇÃO); Uma só maneira de ela se visualizar (PAIXÃO-MORTE-RESSURREIÇÃO);
Uma só maneira de a rezarmos (COM O ESPÍRITO SANTO); Uma só maneira de ela se
eternizar em nós (O REINO DE DEUS).
É só neste contexto que nós somos, existimos,
e nos realizamos. É só deste modo que cada um de nós se identifica e se
distingue dos demais. Só assim poderemos engrandecer o louvor do nosso Deus que
se visualiza também nas diferentes pessoas objeto do amor divino. Só assim
temos razão de ter e o nosso nome no Livro da Vida.
A
salvação é única para todos e quando cada qual a aceita grava indelevelmente o
seu nome, o seu existir, a sua pessoa no amor e na misericórdia infinita da
Trindade que é o nosso Deus. No livro que é VIDA…
Guarda 01-08-2017
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P. Alfredo Pinheiro Neves
Assistente Geral
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