Urge dar prioridade às famílias, defender os seus valores e protegê-las para que a sociedade seja mais justa, mais fraterna e mais humana.
MÊS DE NOVEMBRO
Acaba de terminar, em
Roma, no Vaticano, o sínodo dos bispos. A temática, a pedido do Papa Francisco,
debruçou-se, uma vez mais, sobre a família. Quantos assuntos não terão sido
ventilados durante o sínodo e estudados nas mais diferentes perspetivas
culturais… Aguardamos por ulteriores e enriquecedoras orientações. Assim se faz
caminho em conjunto.
A família é realmente um ponto nevrálgico
sempre transversal quer à sociedade, quer à Igreja, quer à nossa própria
existência.
Ao
longo da História, a família sempre sofreu vicissitudes. Nos dias de hoje elas
são mais notórias e muito mais graves. Urge dar prioridade às famílias,
defender os seus valores e protegê-las para que a sociedade seja mais justa,
mais fraterna e mais humana. Em família e na família se recebe e desenvolve a
vida. Na e com a família se deve crescer sob todos os aspetos. Em família se
devem realizar os nossos sonhos e nela se deve encontrar o apoio necessário
para as contrariedades e reveses da vida. Com a família se deve desabrochar em
ordem à constituição de uma nova família, independente, capaz de cimentar e
desenvolver valores inalienáveis. Em família se devem espelhar as nossas
realizações e os nossos êxitos. Com ela deveria ser mais fácil enfrentar todos
os desafios e situações de risco. A família é provavelmente o lugar mais
indicado para se ver “partir” a quem à mesma pertenceu. Quem sabe o melhor
lugar para nós “partirmos” também. Desse modo a “passagem” será mais humana e
mais afetuosa. Nela o amor terá sempre lugar e, quem dera, a última palavra. Os
nossos entes queridos serão sempre recordados na família. O mês de novembro é o
tempo adequado para recordar os “ausentes” que esperam já por nós. Não faltará
muito (?). “Tempus fugit”.
É
nesta dinâmica que gosto de viver o mês de novembro. Os que “partiram” apenas
se nos anteciparam. Aguardam-nos sem pressa. A nossa fé e a nossa esperança
ensinam-nos que eles, quando estiverem na posse de Deus, não deixarão de nos
acolher nesse mundo novo e definitivo, sem limites de tempo ou de espaço. Até
lá importa rezar por eles. Eles pertencem-nos. Escrevia D. João: “faz tristeza ver como as famílias, que se
dizem crentes, esquecem os seus mortos… Acompanhai, pois, as almas nos seus
sofrimentos depois da morte, vós que tanto carinho tivestes por elas em vida.
Sufragai-as com o santo Sacrifício, com orações, jejuns e esmolas, na medida
das vossas forças. Sede generosos para com elas. (…) Eles não cessam de
bradar-vos: lembrai-vos de nós ao menos vós que sois nossos amigos, porque a
mão de Deus pesa sobre nós”.(Luz e vida, 139/1929). Na posse de Deus, com
eles havemos um dia, também nós, em família, louvar Deus eternamente.
Olhando
para trás quantos Servos e Servas de Jesus, simpatizantes e amigos, não
partiram ao longo deste ano. O “terminus” da sua vida terrena aconteceu. Nesse
dia e nos que se seguiram, marcaram-nos a tristeza, a mágoa e talvez o
desalento. “ A sua saída do meio de nós
foi considerada uma desgraça”. Somos assim! Mas não nos deixemos
atormentar. “… depois de terem sofrido
uma leve pena eles estão em paz”.
Na
sequência do que escrevi atrás, eles não deixaram de pertencer à nossa família
e à Igreja. Melhor ainda, eles serão sempre dos nossos, da nossa família e da
família de Deus. Neles reina Jesus Cristo. Eles são parte integrante do Reino
do Pai. Foi também por eles que Jesus morreu e ressuscitou. É por eles que
também nós rezamos. Neles foi derramada a misericórdia infinita do Pai.
Ressuscitados no último dia “ hão-de
brilhar como centelhas no meio da palha”. Tendo usado de amor e de
misericórdia para connosco, alcançarão de Deus cem vezes mais e também a Vida
Eterna.
Como
poderemos receber, ter connosco, celebrar e viver o EMANUEL (essência da festa
de Natal que se avizinha) se ignoramos os valores familiares ou, pior ainda,
somos membros mortos ou cortámos com os outros na família à qual pertencemos ou
com a qual vivemos?!. Quando tal acontece, Deus não será para nós o EMANUEL e
muito menos poderemos ser sua imagem no presépio do outro. Sem família deixa de
ter sentido o nosso existir e sem missão alguma a vida do outro.
TU ÉS A VIDA
Vida para quem vive todas as coisas,
Vida que me dás a vida,
Para qual vivo, sem a qual morro;
Vida pela qual estou ressuscitado,
Sem a qual estou perdido;
Vida pela qual exulto,
Sem a qual sou atormentado;
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Vida vital, doce e amável,
Vida inesquecível.
Onde –te rogo – onde estás,
Onde te posso encontrar
Para morrer a mim mesmo
E passar a viver em ti?
Vem ao meu encontro com o teu auxílio.
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Santo Agostinho -
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Guarda,
01-11-2015
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P. Alfredo Pinheiro Neves
(Assistente Geral)
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