IRMÃOS,
VEDE COMO O AGRICULTOR AGUARDA PACIENTEMENTE… (S. Tiago 5,7)
“Quem espera, desespera”, diz o povo na
sua sabedoria tão antiga quanto ele. E ainda: “E quem espera, sempre alcança”.
Quando
há quase cem anos a “Senhora mais bonita
que o sol” trouxe a Sua mensagem às três crianças na cova da Iria, quase
sempre se fazia anunciar com um pequeno sinal exterior: “um clarão…”. Este sinal levava Lúcia a exclamar: “Já lá vem Nossa Senhora…”. Enquanto
tinham de esperar por ela costumavam recitar o terço com as pessoas mais
devotas. Deste modo se preparavam proximamente para o encontro. Nunca duvidaram
da sua chegada. “A Senhora disse que
vinha”. Quantas vezes ouviram insultos. Sofriam mas não vacilavam.
Muitas vezes nos tornamos impacientes e
insuportáveis quando algo nos tarda. E se alguém, por “artes mágicas”, nos
passa à frente e nos rouba a vez, “cai o
Carmo e a Trindade”. E com razão pois que quem quer ser atendido primeiro,
chega mais cedo.
É tão significativa a espera “forçada”
do coxo junto à piscina onde a água se agitava para que algum doente entrasse e
ficasse curado. “Queres ficar são?” -
perguntou-lhe Jesus; “Pega no teu catre e
vai para casa”.
No plano espiritual, pelo menos comigo
acontece muitas vezes, inverterem-se os papéis.
Em vez de ser eu a esperar de modo
confiante pela Sua chegada, é Ele Quem não se cansa de esperar por mim. Além de
esperar torna-se ainda o anfitrião que me recebe em sua casa e me conduz à Sua
intimidade. Realmente Ele chama por nós e constantemente pronuncia o nosso
nome; todos os dias nos confia a Sua Graça; generosamente não se cansa de
inventar formas novas para vir ao nosso encontro; sacramentalmente oferece-se a
todos sob a forma de reunião e integra-nos em assembleia santa; connosco
partilha a Palavra do Pai que é Ele mesmo; oferece-se em forma de alimento sem
nos deixar de cumular da Sua Paz. O nosso Deus, a Trindade Santa, é o Sempre
Presente. Na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, no nascimento e na
morte, na nossa realização e nas incompreensões, quando estamos em graça ou
marcados pela queda e pelo pecado Ele se faz presença. Pedem-nos as
Constituições, no nº 57, a celebração dos meses de maio e de outubro.
Dentro desse espírito penso sermos
convidados, neste mês de maio, a escutar de modo mais comprometidos os pedidos
da Senhora: - Não ofendam mais a Nosso Senhor (conversão);
-
oferecimento de nós próprios e maior intimidade com o nosso Deus (oração); - sentido de solidariedade e
de reparação eclesial pedindo pela conversão dos pecadores; (sacrifício)
-
esforço constante para usufruirmos e sermos a Paz de Deus para os outros. (vitória de Maria).
Em todos estes campos Deus vai esperando
por nós (sem se cansar, oferecendo-nos graças sobre graças, esperando com amor
e por amor, sempre disponível a fazer festa connosco).
E porque a espiritualidade da Liga dos
Servos de Jesus não se afasta dos pedidos da Senhora em Fátima, (“Amar
a Deus é evitar tudo o que possa redundar em Sua ofensa (…) é levar os outros a
amá-lo, fazendo-O conhecido”[1];
“Reparação e desagravo das ofensas feitas
a Deus, pela união a Jesus, na alegria, nos trabalhos, nos sofrimentos, na
oração reparadora e na adoração eucarística”.[2];
“oração pela Igreja (…) e pela conversão dos pecadores”[3]),
saibamos pois, viver de modo intenso este mês consagrado, de modo
particular, pela mãe do Céu a cada um de nós.
Guarda, 01-05-2015
P. Alfredo Pinheiro Neves
(Assistente Geral)
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