Quem conta a história da vocação da irmã Natividade Lucas, talvez comece por dizer que ela veio pequenina para a Ruvina, onde a tia Elvira tentou reunir várias sobrinhas, ao menos uma de cada irmão. As intenções eram claras da parte desta que vivia entregue ao ideal da Liga dos Servos de Jesus, numa comunidade pobre mas unida e amiga, com sonhos a realizar e o entusiasmo próprio dos inícios. A tia Elvira quereria, também, ajudar os irmãos cujas dificuldades económicas ditaram a ida do pai e da mãe, da ir. Natividade, à altura criança, para o Brasil.
Mas, quem ficar mais um pouco, para a ouvir a continuação da sua vida, e da história da vocação da ir. Natividade, fica depois a saber que a sua opção pela Liga se fez, quando já tinha 18 anos, na comunidade do Rochoso; e que, chamada para o Brasil talvez a fim de reintegrar a família, já com algum sucesso económico; sim, é verdade que foi, mas numa viagem de simples visita e reencontro com os “seus que eram deste mundo”, mas levou a certeza de que queria voltar. Regressou e não mais abandonou a comunidade que a viu crescer, a casa de Jesus, Maria e José, no Rochoso.
Esteve, antes disso, como algumas das que, como ela, aplicavam os seus talentos no campo da saúde, em Celorico da Beira.
Tirou o curso de enfermagem em Castelo Branco.
Foi especialmente no Posto Médico da Casa do Povo, do Rochoso, que manifestou a sua disponibilidade para muitos que a ela recorriam. Administrava injeções, fazia curativos, mudava pensos, assistia ao médico que ia àquele Posto, como regra, uma vez por semana. Mantinha o ambiente à sua volta organizado, limpo, acolhedor. Apresentava-se pessoalmente sempre bem arranjada. Foi confidente de muitos desabafos, viveu sempre perto do povo e irradiava uma alegria muito simples, sem complicações, tinha muita noção do dever.
Mais tarde, por apreço pelas suas qualidades de asseio, arrumação, honestidade e delicadeza, ficou responsável pela loja onde se vendia de quase tudo o que fosse considerado um bem essencial: tecidos, alimentos, remédios…
Em sintonia com a vida que escolheu e a que foi fiel, no passado dia 12 de julho, no seu funeral, rezou-se muito e cantou-se.
Também nisso as testemunhas são unânimes, a irmã Natividade cantava muito bem e ditava ela a escolha dos cânticos apropriada para cada celebração, sabiamente escolhidos de acordo com os tempos litúrgicos que se celebravam.
Nasceu, para o mundo a 5 de fevereiro de 1937, para o Céu a 11 de julho de 2021, e esteve integrada, mesmo nesta fase final de maior fragilidade de quem já tinha dobrado os oitenta anos, na comunidade da Liga dos Servos de Jesus que se oferece a Deus, no Rochoso.
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