No “Hoje Eterno”, ter-se-á já encontrado com o venerável, D. João de Oliveira Matos a quem considerava santo, por ter feito tantas pessoas santas.

MANUEL JOAQUIM GEADA PINTO, Sacerdote,

 (Rumo ao céu)

Manuel Joaquim Geada Pinto, natural da Orca, Fundão, aí nasceu no dia 05 de fevereiro de 1929. Era filho de um simpático casal e mais que simpático era verdadeiro casal cristão. Foram seus irmãos: José Joaquim Geada Pinto, sacerdote; António Geada Pinto, Servo Externo da Liga; Conceição Geada Pinto, Serva de Jesus e D. Clara. Presentemente vive entre nós o reverendo P. José Joaquim Geada Pinto.

Tendo feitos os seus estudos eclesiásticos foi ordenado no dia 29 de Julho de 1959. Após a sua ordenação passou pelos Seminários diocesanos de Fundão e Guarda onde lecionou. Foi professor na antiga Escola Industrial e Comercial, diretor artístico do Centro Cultural desta cidade onde dirigiu o Orfeão e um dos fundadores do Rancho folclórico.

Em 1954 chegou ao Outeiro de São Miguel onde conviveu de perto com o venerável D. João de Oliveira Matos, fundador da Liga dos Servos de Jesus e outros notáveis que haviam abraço o mesmo ideal. Aí se manteve como baluarte do mesmo sobretudo após a morte do Senhor D. João em 1962. Tornou-se diretor Pedagógico da Escola Regional Dr. José Dinis da Fonseca. Diretor do Jornal “Amigo da Verdade” veículo de evangelização e púlpito singular de D. João de Oliveira Matos. Completara há bem pouco tempo 68 anos de sacerdócio. Nomeado cónego por D. António dos Santos (26/01/1999, foi agraciado pelo presidente da Republica, Cavaco Silva, em 10 de Junho de 2014, juntamente com outras personalidades. Foi em nome da Instituição do Outeiro de São Miguel que aceitou receber esta condecoração.

O P. Geada acabou “de nos deixar”. Faleceu, no Hospital desta cidade da Guarda, dia 27 de dezembro, 2019. Foi hoje, dia 28 de dezembro, a sepultar no cemitério da Arrifana onde paroquiava há vários anos. O povo da Arrifana nutria por ele singular afeto e fez questão que ele fosse sepultado junto dos ‘seus’. Era comum, em datas significativas, homenageá-lo sempre.

Presidiu às cerimónias fúnebres o Prelado diocesano, D. Manuel da Rocha Felício. O mesmo fez questão de acompanhar os seus restos mortais até ao cemitério.

A Liturgia fúnebre presidida pelo Senhor Bispo, contou com a presença de muitos sacerdotes, diáconos, Liga dos Servos de Jesus (servos internos e servos externos), paroquianos da Arrifana e muita, muita gente, que se associou em oração de sufrágio.

 Os Cânticos tiveram carácter Festivo sendo parte deles da sua autoria. Assim, reunidos em Igreja, foi para louvar, bendizer, agradecer, adorar e aclamar a Trindade que o senhor P. Geada tanto se esforçou em A tornar conhecida e amada. Como salmo entoou-se a felicidade dos que caminham com o Senhor, dos que trilham Seus caminhos e de modo puro anunciam a Verdade. Só assim se pode levar ao altar o que, marcado pelo trabalho do homem, se tornará fermento e vida entregue aos irmãos. À Comunhão ouviu-se um hino ao Pão que é Jesus, fonte de vida e de união; um hino ao Pastor, caminho seguro, verdade e vida e que se abre para a ressurreição. Como cântico final, uma oração de apreço e gratidão num sincero ‘bem-haja, amigo’.

Retenho na minha memória a sua figura, o seu saber de tantos anos feito, as suas convicções e o seu testemunho enquanto Servo de Jesus sempre em busca do Reino. Retenho também comigo a sua última mensagem. Guardá-la-ei. Não sei se a minha ainda terá algum valor para ele. Talvez não… Não importa.

Também não me enganarei muito, quando o imagino, munido da última “tecnologia divina”, a sair do lugar que lhe está destinado e a ele voltar, assim que obtenha uma outra ‘perspetiva singular’, leia-se ‘fotografia’, do Mistério que Deus é em si; Assim procedeu tantas vezes e enquanto se celebravam os Mistérios Divinos. Depois ele a comentará apenas para si e, para si, a guardará eternamente, por ser ‘Amigo da Verdade’.

No “Hoje Eterno”, ter-se-á já encontrado com o venerável, D. João de Oliveira Matos a quem considerava santo, por ter feito tantas pessoas santas. Com muitos outros se encontrará e com os quais privou aqui na terra.

Certamente que, no “Hoje Eterno” e na “Alegria Plena”, glosando uma vez mais o salmo 144,9 dirá ao Deus uno e trino o seu poema:

TOCAREI PARA TI A HARPA DE DEZ CORDAS

Tocarei para Ti a Harpa de dez cordas,

para que o meu amor ressoe em plenitude;

os meus dedos, nas cordas, afloram-lhes as bordas,

e, ao som da harpa, eu te canto a minha juventude.

Nas dez cordas, senhor, eu vejo os teus preceitos

que em cada corda eu quero para ti fazer vibrar

cumprindo-os, um a um, com amor, sem preconceitos,

sabendo que eles são tua luz p’ra me guiar.

Adorar-te, meu Deus, e amar-te sem medida;

com respeito invocar o teu nome sagrado,

santificar o teu dia, que é o tempo da vida,

para viver, depois, contigo, lado a lado.

Honrar o pai e a mãe, os dos outros e os meus,

não causar dano ao corpo nem à alma que o vence,

ser casto por amor do reino dos céus,

não querer para mim o que aos outros pertence.

Detestar a mentira e dizer só a verdade,

ser puro nos desejos e nos pensamentos,

não cobiçar o alheio e, na caridade,

resumir, um por um, os teus dez mandamentos.

Vou tocar para Ti as dez cordas da harpa,

para que o meu amor ressoe em fabordão,

porque, depois que tu me atiraste a tua farpa,

não te posso negar meu pobre coração.

Tocarei para ti a harpa de dez cordas,

as fibras do meu ser dedilha-as Tu somente;

e, pois que do torpor Tu, meu senhor, me acordas,

quero mesmo viver contigo eternamente!