Avançar para o conteúdo principal

Missa de início da Assembleia Geral da Liga dos Servos de Jesus - 29 nov 2024

1. Iniciamos a nossa assembleia geral abrindo o todo da nossa vida à ação do

Espírito Santo.

O Espírito Santo tem de ser cada vez mais o protagonista único da nossa vida

e da vida das nossas comunidades, a começar pelas comunidades da Liga dos

Servos de Jesus.


Lembra o documento final do Sínodo publicado precisamente fez ontem um

mês que a espiritualidade sinodal nasce da ação do Espírito Santo e requer a

escuta da Palavra de Deus, a contemplação, o silêncio e a conversão do

coração. E acrescenta que esta espiritualidade exige ascese, humildade,

paciência, disponibilidade para perdoar e seu perdoado.

é principalmente para descobrir de novo este protagonismo do Espírito Santo

e a prioridade da Palavra de Deus nas grandes opções da nossa vida pessoal e

comunitária que dedicamos o dia de hoje e de amanhã à Assembleia Geral

prevista nas constituições da Liga dos Servos de Jesus.



Desde já pedimos a infusão do Espírito Santo para estarmos nesta Assembleia

em atitude de humildade e disponibilidade para nos escutarmos

mutuamente, sabendo que o Espírito fala sempre através do outro.

Por isso, deixamos lá fora todos os restos de ambição ou inveja, toda a

tentação de domínio e controlo sobre os outros, procurando, à partida,

revestirmo-nos dos mesmos sentimentos de Jesus que, sendo rico fez-se

pobre, aniquilou-se a si mesmo e assumiu a condição de servo. E nós

queremos ser servos como Ele e segundo o exemplo que nos deixou Sua Mãe

Maria Santíssima.

Reconhecemos também, à partida para esta Assembleia Geral, que o

ambiente do mundo em que nos encontramos inseridos, não nos ajuda nesta

conversão que queremos fazer para a docilidade ao Espírito Santo.

Vivemos num mundo onde a ambição e o desejo de poder são a lei mais

comum. Aumentam as desigualdades, cresce a desilusão com os modelos

tradicionais de governação, a democracia é um sonho cada vez mais longe de

estar cumprido; crescem os perigos de ditaduras e a tentação de resolver os

problemas pela força e não pela via do diálogo. Por outro lado, a sedução do

consumismo, diante de um mercado sem ética, continua a ser um grande

fator de exclusão social que tem de nos preocupar.

É num mundo assim que fazemos a nossa Assembleia. E com ela queremos

também dar o nosso contributo para que cresça a saúde das nossas


comunidades cristãs paroquiais e outras; para crescermos na

responsabilidade de dar o nosso contributo para que a Igreja e

particularmente esta Diocese que é a nossa se renovem, na fidelidade à ação

do Espírito Santo.

2. A Palavra de Deus que acabámos de escutar é para nos orientar nos trabalhos

desta Assembleia.

Assim, lembra-nos o Profeta Isaías a importância decisiva dos dons do Espírito

Santo, que constituem a força de toda a Iniciação Cristã. Dons que nos ajudam

a pensar – sabedoria, inteligência, conhecimento; dons que nos ajudam a

decidir e cumprir as boas decisões – conselho e fortaleza; dons que nos

organizam na nossa relação com Deus – a piedade e o temor de Deus.

O Evangelho de S. Lucas diz-nos que Jesus é esse rebento de Jessé anunciado

por Isaías. No meio da liturgia semanal da Sinagoga, o próprio Jesus leu a

passagem de Isaías e aplicou-a a si mesmo.

Ele apresenta-se como o Ungido do Espírito (Messias) que vem para anunciar

a Boa Nova aos pobres, a liberdade aos cativos, a libertação aos oprimidos,

para proclamar o Ano da Graça do Senhor.

E perante estas palavras de Jesus, diz o Evangelista, todos se admiravam da

graça que saía da Sua boca.

Ungidos do Espírito somos também nós hoje, em resultado do nosso Batismo,

no qual assenta a responsabilidade com que queremos conduzir a nossa vida,

sempre ao serviço da Igreja e do mundo, como o fez Jesus.

Por isso, escutamos com muita atenção as palavras de S. Paulo na Carta aos

Gálatas.

Diz ele – deixai-vos conduzir pelo Espírito e não satisfareis os desejos da

carne. E insiste em que os desejos do Espírito são contrários aos desejos da

carne, esses desejos que espontaneamente brotam em todos nós e nos fazem

prisioneiros.

Queremos que esta Assembleia contribua para fortalecer em todos nós os

desejos do Espírito de que resultam em nós e nas nossas comunidades os

frutos do Espírito Santo, que São Paulo enumera assim: caridade, alegria, paz;

paciência, bondade e benignidade; fidelidade, mansidão e temperança.

Também a nós se aplica a conclusão da leitura de hoje: se vivemos pelo

Espírito, caminhemos também segundo o Espírito.

Estamos nesta Assembleia para concretizarmos as formas de caminhar no

Espírito que nos são recomendadas pelo carisma que nos está confiado.

Queremos fazê-lo utilizando o método que o Sínodo nos recomenda, a saber,

a conversação no Espírito, a qual permite a escuta mútua e o discernimento

“do que o Espírito diz às Igrejas” (Apoc.) e a nós mesmos, na situação

concreta que estamos a viver.


+Manuel da Rocha Felício, Bispo da Guarda 

Comentários

Mensagens populares deste blogue

Celebração do 101.º Aniversário da Liga dos Servos de Jesus com Enfase no Jubileu e na Centralidade da Pessoa Humana

A Liga dos Servos de Jesus assinalou no dia 11 de fevereiro de 2025 os seus cem anos mais um. O 101.º aniversário havia já sido assinalado, através de oração de ação de graças, no dia 13 de fevereiro, na capela de São Pedro da Guarda, com adoração ao Santíssimo Sacramento. Outras iniciativas pessoais e comunitárias terão, com certeza, lembrado a efeméride, mas o ponto alto, em que toda a Liga – Servos internos, externos, simpatizantes – foi convidada a reunir-se, aconteceu no dia 15 de fevereiro, no Outeiro de São Miguel. Pelas 15h00 teve iniciou a recoleção em que foi orador o Superior Geral, D. Manuel da Rocha Felício. Introdutoriamente, explicou que nos reuníamos para assinalar 101 anos que “fazem parte, de certa maneira, de os que aqui se encontram”, já que prevalece o “Carisma que nos toca, e de que maneira, a todos nós”. Aproveitou ainda para saudar o Pe. Manuel Igreja Dinis, além presente, lembrando que o Centro de Espiritualidade, que o sacerdote dirige, “tem uma importância ma...

Celebração em Ação de Graças pelos 101 anos da Fundação da Liga dos Servos de Jesus

Hoje, 13 de fevereiro, amigos, simpatizantes e membros da Liga dos Servos de Jesus reuniram-se na capela de São Pedro, na Guarda, em ação de graças pelos 101 anos da Fundação da Liga. Não sabemos se foi em resposta ao convite da coordenadora Geral, Irene Fonseca, ou a outros sinais do Espírito Santo, mas muitos se juntaram para celebrar.   A oração foi presidida pelo reverendo P.e Alfredo Pinheiro, que conduziu a hora santa com a profundidade a que já nos habituou. Além do guião com cânticos, monições e leituras bíblicas, escolheu também textos do venerável D. João de Oliveira Matos. A celebração foi um momento de profunda união entre Deus e todos os presentes, refletindo a importância da Eucaristia na vida da Liga dos Servos de Jesus ao longo de mais de um século de existência. Que este tema escolhido: "A vida" continue a fortalecer a fé de todos os que se juntaram para celebrar esta data significativa, bem como aqueles que quereriam mas não puderam estar presentes.  No ...

29 de Agosto: Início da Festa Anual da Liga dos Servos de Jesus

Hoje, vinte e nove de agosto, foi o primeiro dia da celebração da festa anual da Liga dos Servos de Jesus. Após as boas-vindas e o acolhimento na Casa de Santa Luzia, na Guarda, fomos brindados com a conferência do Reverendo Padre Paulo Figueiró, subordinada ao tema Esperança. Neste ano jubilar, nunca é demais abordar este tema. A encíclica Spe Salvi (Salvos na Esperança), a bula do Papa Francisco Spes non confundit (A Esperança não engana) e alguns textos da Sagrada Escritura foram a base que sustentou a reflexão do preletor. Recordámos, ao longo da excelente comunicação, a “doença social” que assola o mundo: a falta de esperança. Os seus sintomas manifestam-se, por exemplo, nas guerras; no número crescente de refugiados que se deslocam entre continentes por terem perdido a esperança nas suas terras e procurarem fora aquilo que, muitas vezes, não encontram; na falta de emprego ou no emprego precário; nas crises familiares, conjugais e nas relações humanas; e na baixa natalidade. A ...