A Irmã Elvira da Ascensão Vaz nasceu a 5 de dezembro de 1928, em Cerejo. Filha de um agricultor da Rapa, cresceu numa grande quinta, cuidando de rebanhos que contavam com cerca de 40 cabeças de cabras e ovelhas. Desde pequena, ajudava na criação e produção de queijo. Uma vez, quando ainda não tinha 10 anos, expulsou dois lobos com um pau comprido e pedras, sem perceber o perigo que corria. Esta coragem infantil rendeu-lhe uma fotografia no jornal da época.
A mãe de Elvira, natural de Cerejo, era queijeira e, a cada 15 dias, levava queijos para Celorico, de onde trazia pão, arroz, massa e dinheiro, sustentando assim a família.
Um rapaz chamado Emídio, apaixonado, seguia-a para onde quer que fosse. Para evitar um casamento precoce, a mãe decidiu levá-la para o Outeiro de São Miguel, onde o Sr. Capelo, amigo da família, era professor. Foi neste ambiente que Elvira entrou para a Liga dos Servos de Jesus, levada pela mãe, no dia 15 de agosto.
Elvira destacou-se pela sua destreza para o trabalho, cuidando da limpeza das salas, passando a ferro as grandes toalhas dos alunos, tarefas que ninguém mais queria. Era desenrascada, fazia as hóstias com ferros aquecidos a brasas, sempre acreditando na ajuda divina.
Aos 15 anos, a D. Palmira enviou-a para Manteigas, onde viveu a sua juventude, pedindo esmola nas ruas e nas fábricas locais. O seu trabalho empenhado garantiu tecidos para os uniformes das meninas, transportando panelas de feijão e contribuindo em várias casas da Liga dos Servos de Jesus.
Após um novo regresso ao Outeiro, a D. Palmira escreveu uma carta elogiando Elvira como a "flor mais bonita" e enviando-a para a Cerdeira, onde trabalhou com esforço, como sempre. Também lá estavam como caseiros do colégio os pais cuja vida foi assim melhorando aos poucos.
Desejando sair da Cerdeira, a Irmã Elvira foi ouvida pelo Dr. Inácio, que a destinou à Covilhã. Contudo, devido à falta da 4.ª classe, fez uma nova passagem por Manteigas para adquirir alguma escolaridade. Durante esse tempo, lavava roupa, cozinhava, cuidava das galinhas, levava as meninas à missa e para a praia, sempre recebendo elogios pelo aprumo e apresentação das crianças a ela confiadas.
Finalmente, pelos seus 40 anos, estabeleceu-se na Covilhã, onde viveu até aos últimos dias, dedicando-se ao trabalho, mostrando uma liderança exemplar e um amor extraordinário pelos sacerdotes.
Foram 56 anos, durante os quais acolheu a muitos com ternura e afeto.
A sua capacidade de bem receber e o carinho no serviço das refeições, tanto no Centro Cultural da Covilhã quanto numa casa na Serra - nas Penhas da Saúde, fizeram dela uma figura querida e admirada.
Durante a doença e no final da vida da irmã Elvira, Mariana - uma criança que que praticamente adotou, agora já casada e com uma filha, soube valorizar e retribuir o amor e a dedicação incondicional que da irmã Elvira recebeu. Tal como as irmãs da comunidade da Covilhã, esteve com ela até minutos antes de morrer, no hospital do Fundão, a 20 de novembro de 2024.
A dedicação e amor pelo próximo desta Serva de Jesus estão já a ser recompensados no céu, onde acreditamos que foi já acolhida com grande alegria por muitos anjos e santos que estiveram atentos à sua peregrinação na terra.
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