IR. BELMIRA ANGÉLICA GONÇALVES
Nasceu na pitoresca aldeia da Ruvina no dia 16
de Novembro de 1927. Cativada pelo ideal de D. João alistou-se como serva de
Jesus trabalhando no Reino de Deus. Fê-lo de modo abnegado.
No dia 03 de Março, mal o dia tinha despontado
o Senhor veio recolhê-la no seu catre de doença. Foram longos anos de vida
apagada, de sofrimento e de entrega radical. Visitada pelas irmãs amigas, a
ninguém respondia pois que a doença a impedia de tal. Alimentada por uma sonda,
só mãos carinhosas a aconchegavam quer estivesse na cama, quer na cadeira onde
passava horas a fio, quer fazendo-lhe a higiene necessária.
O funeral realizou-se pelas 15.00 horas a
partir da igreja paroquial do Rochoso. Estiveram presentes, para além do pároco
e do assistente Geral da Liga, mais sete sacerdotes, irmãs servas de Jesus de
comunidades diversas, utentes do lar da Terceira Idade do Rochoso e povo que se
quis associar.
Presidiu o Assistente Geral da Liga. As
leituras foram extraídas do livro das Lamentações e do Evangelho de S. João (5,
1 ss).
“A
paz foi desterrada da minha alma, já nem sei o que é a
felicidade. E exclamei: «Falta-me a força, e a esperança que
tinha no Senhor.» Lembra-te dos meus tormentos e misérias,
que são fel e amargura. Ao pensar nisto, sem cessar, a minha
alma desfalece. Isto, porém, guardo no meu coração; por
isso, mantenho a esperança: É que a misericórdia do Senhor não acaba, não se
esgota a sua compaixão. Cada manhã ela se renova; é grande a
tua fidelidade. «O Senhor é a minha herança», disse a minha
alma. Por isso espero nele. O Senhor é bom para os que nele
confiam, para a alma que o procura. Bom é esperar em
silêncio a salvação do Senhor”.
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“Depois
disto, havia uma festa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém.
Em Jerusalém, junto à Porta das Ovelhas, há uma piscina, em hebraico chamada
Betzatá. Tem cinco pórticos, e neles jaziam numerosos
doentes, cegos, coxos e paralíticos. Estava ali um homem que padecia da sua
doença há trinta e oito anos.
Jesus, ao vê-lo prostrado e sabendo que já levava muito tempo
assim, disse-lhe: «Queres ficar são?» Respondeu-lhe o doente: «Senhor, não
tenho ninguém que me meta na piscina quando se agita a água, pois, enquanto eu
vou, algum outro desce antes de mim». Disse-lhe Jesus: «Levanta-te, toma a
tua enxerga e anda.» E,
no mesmo instante, aquele homem ficou são, agarrou na enxerga e começou a
andar”.
O presidente da celebração destacou o trabalho
da irmã Belmira convicto de que onde quer que ela o exercesse, o terá realizado
de modo generoso, simples e discreto. Assim convém ao verdadeiro servo de
Jesus.
Destacou ainda o modo como o Senhor lentamente
a foi purificando. E, tal como Jesus se compadeceu do paralítico da piscina de
Betsatá, assim o mesmo Jesus veio ter com ela, quando achou por bem, convidando-a
a abandonar o seu catre de sofrimento e a entrar de modo definitivo na casa do
Senhor e na sala do festim.
“… A partir
daí ela começou a andar”, dizia o
Evangelho. Sim porque os Santos, chegados à pátria definitiva, tal como afirma o
Papa francisco, “não terão repouso” e encontrarão tempo, (tal como dizia santa
Terezinha do Menino Jesus), para virem à terra a fazer o bem.
Como sabemos os últimos anos da irmã Belmira foram
marcados pelo absinto da dor do sofrimento, mas estes anos não superaram todos
os outros da sua vida em entrega total e nos quais Deus se revelou sempre como
misericórdia infinita e razão do seu viver.
Os seus compromissos batismais, assumidos na
radicalidade dos conselhos evangélicos tornaram-se água viva, nessa piscina
salvífica, remexida em dias próprios pelo “Anjo” do Senhor, quer em seu favor,
quer em favor das comunidades onde serviu.
Sempre ao som de cânticos festivos, os restos
mortais da irmã Belmira foram conduzidos até ao cemitério local. Num misto de
ternura, de paz e de silêncio nos despedimos dela e uns dos outros, na certeza
de que a sua vida não acabou, mas se transformou à semelhança da transfiguração
de Jesus no monte do Tabor.
“Deus a guarde no céu como nós a guardamos no
coração”.
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