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Em Memória da Irmã Ascensão Rodrigues: Uma gargalhada como serviço

 A madrugada do dia 23 de maio trouxe consigo a notícia da morte da irmã Ascensão Rodrigues.

Nasceu a 11 de novembro de 1936, em Carpinteiro, e foi sepultada em Casal de Cinza. Muito nova ficou entregue à comunidade do Outeiro de São Miguel, onde, por pouco tempo, permaneceu com a sua irmã de sangue, a irmã Helena Rodrigues.

Muitas vezes a ouvi contar que tinha a tarefa de lavar as panelas, mas que, como não chegava à gamela onde se lavava a louça, fazia-o em cima de um banco. Também recordava dos primeiros tempos, que quem tomava conta dela, na lavagem do Outeiro, a deixavam a dormir entre mantas para ali levadas.

Cresceu e vieram as dúvidas sobre a sua vocação. Custava-lhe, em particular, aquelas tomas de óleo de fígado de bacalhau e o tipo de alimentação - pobre e repetitiva - que se fazia nos anos da guerra e do pós-guerra. Expôs o que sentia ao sr. D. João de Oliveira Matos, que lhe deu o seguinte conselho: “Vais diante do sacrário e colocas todas essas questões a Nosso Senhor. Depois decides.” Assim fez. Só teve paz com a resolução de ficar. E ficou.

Em boa hora, pois, muito asseada, organizada, responsável e atenta aos outros, as várias cozinhas por onde passou como responsável estiveram sempre à altura das pessoas a quem o serviço se destinava. Gostava de ensinar. Recordava, sempre a rir, algumas mestres de cozinha - na Cerdeira, por exemplo - que escondiam o modo de confecionar sobremesas só para não partilharem a arte da culinária.


O seminário chamava-a como reforço nas festas, e alguns sacerdotes ficaram-lhe sempre gratos pelo trabalho e serviço de cozinhar nas festas da missa nova de cada um. 

Muitos peregrinos beneficiaram das suas refeições, confecionadas na berma da estrada, em viagens organizadas pelo padre Manuel da Silva Ferreira, a Roma, por exemplo.

Além do Outeiro, esteve em Lisboa, Santa Luzia, Fátima, Alcaria, Cerdeira, Fundão e, agora para receber ajuda e descansar, a seu pedido, no Rochoso.

Sete sacerdotes marcaram presença no seu funeral. A todos a Liga dos Servos de Jesus quer apresentar o seu agradecimento pela justa homenagem e esforço que isso representou.

 Na homilia foi recordada a sua gargalhada quase estridente com que enchia a sala onde estivessem os mais variados convidados: fossem ministros, secretários de estado, bispos ou familiares das irmãs. Ria para alegrar, não porque estivesse eufórica. Completava a missão com o contar de histórias que tinha presenciado, desde muito cedo, em grupos de três ou quatro episódios de cada vez, e que a todos dispunham bem.

Deixa muitas, muitas saudades.

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