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MARIA DE LURDES JACINTO CERIEIRO

A irmã Maria de Lurdes Jacinto Cerieiro nasceu na freguesia de Fundão, no dia 12 de maio de 1927. Foram seus pais José Jacinto e Maria do Carmo Cerieiro.

        Desconheço a data em que se terá tornado Serva de Jesus e as etapas anteriores vividas por ela. Só a conheci quando em 1972 cheguei, como aluno, ao Seminário Maior da Guarda.

Lá no Fundão residia uma sua irmã, a Sra. D. Apolónia Cerieiro que conheci e com quem muitas vezes me cruzei. Havia um outro irmão, José Jacinto Cerieiro, que faleceu há cerca de três anos. Não o cheguei a conhecer.

No Seminário da Guarda, a irmã Lurdes desempenhava a função de Coordenadora das irmãs. Quase sempre era ela quem nos distribuía as travessas dos condimentos, na hora da refeição.

Sempre aprumada, cuidava também de tudo o que às alfaias religiosas dizia respeito.

Depois cada um de nós seguiu o seu percurso. Terá deixado a comunidade do seminário da Guarda no ano de 1973-1974 para integrar a comunidade de Santa Luzia.

É já nos anos oitenta que a venho a encontrar de novo na ‘casa de cima’, nos mesmos deveres servindo o Sr. Bispo D. Policarpo da Costa Vaz, que, entretanto, tinha resignado e se acolhera na mesma casa. Foram anos a fio neste serviço e dever.

Sempre que visitei o sr. D. Policarpo lá aparecia ela, de forma diligente, a cumprir a sua missão. Residiu aí também o antigo vice-reitor do seminário o Sr. P. Henrique Madeira, o Sr. P. Bastos, Assistente da Liga e, mais tarde, o sr. P. Luciano atual bispo de Viseu. A todos servia generosamente.

Mulher sempre atenta e observadora nunca deixava de dar a sua opinião ou fazer o seu reparo ou comentário. Procurava estar presente em todos os eventos da liga e participava com regularidade em todas as ações de formação. Quando me via raramente deixava de perguntar pela sua irmã. - “Tem visto a minha irmã Apolónia?”. Ela sabia que eu andava por esses lados.

A saída da comunidade de santa Luzia e sobretudo da casa que primorosamente cuidava foi muito penosa para ela e quando a doença a obrigou a ir para o hospital da Guarda, posteriormente para o hospital de Coimbra e finalmente a dar entrada na casa de S. João de Deus mais doloroso se tornou. Já na casa de S. João de Deus, constantemente pedia para a levarem à ‘casa de cima’… tinha lá os seus haveres…

Depois foi-se esquecendo disso. Ultimamente já nada pedia… A idade tudo traz…

No Centro de Acolhimento de S. João de Deus e enquanto fui assistente da Liga, era frequente encontrá-la na capela mais pequenina em oração. Era aí que eu a procurava. Sabia que estava sempre lá. Quanto tempo não terá passado junto desse sacrário.

No refeitório, tinha o seu cantinho e só se levantava da mesa no final da refeição, ou então para ajudar alguém, dando-lhe de comer. Reparava nas outras irmãs e chamava atenção para o que elas necessitavam.

A pandemia impediu-me de a acompanhar mais de perto. Soube da sua morte era já lusco fusco, no dia 9 de novembro. Dia da dedicação da Basílica de S. João de Latrão.

        No dia seguinte, foi velada na capela de Santa Luzia e a família resolveu juntá-la aos seus, na sua terra natal, no Fundão. Aí foi a sepultar no dia onze, dia de S. Martinho, bispo e padroeiro da referida paróquia do Fundão. Feliz coincidência.

Presidiu à Missa exequial o Sr. Bispo D. Manuel Felício, o Assistente da Liga, P. Manuel Igreja, o Sr. P. Bastos e mais três sacerdotes. Presentes muitas irmãs, servos externos e pessoas mais chegadas.

Agora com noventa e cinco anos de idade, tinha sido trazida para a ‘casa de cima’ que tanto amou. Nela se gastou anos a fio. Despediram-se mutuamente.

        Estou convicto de que a última morada, a sua nova ‘casa’ nem é já na campa do cemitério do Fundão.

Para mim e neste momento, há-de encontrar-se já na Morada definitiva, com Jesus Cristo a Quem sempre quis servir.

Que Ele a receba e n’Ele repouse em Paz.

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