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História de uma Missionária...


“Antes que fosses formado no seio materno,
eu já te conhecia;
Antes do teu nascimento,
eu já te tinha consagrado, e te tinha designado profeta das nações.” (Jer 1,5)
“Não fostes vós que me escolhestes.
Fui Eu que vos escolhi e vos destinei para que deis fruto e o vosso fruto permaneça.”

 (Jo 15, 16)















            Meu nome é Maria e, recentemente, adicionei-lhe J, de Jesus ou/e João.
Nasci numa pequena aldeia, em Ribadouro, banhada pelo rio Douro. É, indubitavelmente, um lugar maravilhoso, um quadro pitoresco: de um lado, o monte Castro coroado pela casa da Torre; do outro, o laranjal, ex-libris da terra, e as pontes imponentes que rasgam barreiras e sustêm os comboios que circulam entre o Porto e a Régua/Pocinho; de um lado, as fraldas do Marão e, do outro, vestígios da serra do Montemuro.
A casa onde nasci situa-se pertinho do Douro. Do terraço, deleito-me com uma paisagem invejável: a água do Douro, qual espelho, reflete a natureza e presenteia-nos com um verde tranquilizante e um prateado reluzente. De quando em vez, o silêncio é quebrado por um “glu”, um salto acrobático de um peixe ou, então, o coaxar de alguma rã.
Nasci e cresci junto ao rio. Na minha infância, havia uma praia fluvial, a praia de Sampaio, que foi a minha primeira “escola”: aí aprendi a nadar (todos os sobrinhos e seus amiguinhos faziam a famosa “recruta” orientada/”comandada” pelo meu tio-avô, um “primeiro tenente” (depois capitão) da marinha, no ativo, a viver em Almada, Lisboa, que passava as férias grandes na sua terra-mãe, na “Casa da Laranjeira”) aprendi a pescar (a lançar e a recolher (e consertar) as redes e os pardelhos), a apreciar a água, a remar (tínhamos um barco rabelo), a contemplar um pôr e um nascer do sol…a viver as alegrias e as preocupações dos homens do rio/da pesca. O meu avô Mário e o meu tio-avô António eram marinheiros e faziam as viagens de transporte do vinho fino/Porto, desde Freixo de Espada à Cinta até à Foz do Douro.
Nesse tempo, o rio Douro era uma “estrada” sinuosa e tinha as “manhas” de uma serpente…” engolia” muitos marinheiros…deixava muitas famílias enlutadas. Recorria-se sempre à proteção de Nossa Senhora da Guia. Havia uma pequena capela com a Sua imagem no meio do lugarejo. Sempre que o (s) imponentes Rabelo(s) (barcos) descia(m) o rio, carregados de pipas de vinho fino,  de “arrais” e de “serventes”,  ao passar junto à capela, todos os tripulantes tiravam o chapéu, inclinavam a cabeça e rogavam à “Senhora” por uma boa viagem…eram semanas vividas  de “corações nas mãos”.
Recordo, com doçura, a infância que vivi! Os meus pais preocupavam-se imenso com a nossa formação cristã. Fui batizada em bebé e aos seis anos matriculada na catequese. Fiz a Primeira Comunhão (senti-me a menina, com vestido e véu brancos, mais amada do mundo!) e a Comunhão Solene. Em adulta, recebi o Sacramento da Confirmação ou Crisma. Foi muito significativo: a confirmação e o reforço da graça batismal. Uma força especial para testemunhar a fé cristã.
Na infância, todos os domingos era uma azáfama: a minha mãe querida levantava-se muito cedo, dava-nos banho, preparava-nos o pequeno-almoço, deixava a casa impecavelmente limpa, arranjava-se e conduzia-nos à Igreja, todos de mãos dadas… a ouvir o toque alegre do sino da torre da Igreja de St. António de Ribadouro a convidar para a missa.
Sentia e sinto tanto orgulho da minha mãe! A minha mãe sempre foi tão carinhosa e tão doce! É-me tão fácil imaginar a ternura da nossa Mãe do Céu…!
Frequentei a Escola da aldeia que me viu nascer e crescer. Brinquei muito, estudei muito, amei muito e …recordo muito o muito que guardo dessa infância feliz.
A minha avó Laura era a minha melhor “inspetora”: antes de sair para a Escola olhava-me de cima a baixo, num exame rigoroso: o cabelo bem escovado, a saia pelo joelho, a camisa de branco imaculado, os sapatinhos pretos bem lustrosos e os socates brancos. De seguida, “passava revista” à pasta da escola: os livros encapados, os cadernos limpos, o estojo (porta-lápis) completo, os trabalhos de casa realizados…e, por fim, um beijo com a bênção de Deus (“Que Deus te abençoe minha filha!”). Estou tão reconhecida à minha avó! Foi o melhor exemplo/testemunho de “a educação numa mão e o pão (amor) na outra mão”!
Lembro-me com saudade, as idas “às rezinhas”, o terço: mês de Maria (maio e outubro). Lembro-me ainda de ajudar a minha tia a “assear”  S. José aos sábados (colocar a toalha engomada alvíssima no altar e flores no solitário).
Vivi a minha infância e adolescência sempre “de mãos dadas” com a Igreja, na Fé.
Cresci. Tornei-me adulta. Realizei um sonho: ser professora. Outro sonho morava bem no fundo da minha alma: ser missionária.
Hoje pergunto-me: quem sou? Quem sou…!? Sou, certamente, o “fruto” dessa sementinha deitada à terra e “trabalhada” com amor…!
Sou “aquela” professora que tinha a vida “encaminhadinha”, que concretizou o seu sonho de criança - o objetivo de qualquer jovem – a profissão desejada, o emprego (professora do 2º ciclo, licenciada em História/História da Arte, efetiva numa escola de qualidade e próxima de casa), o carro, a casa…
Mas… houve sempre outro desejo: ser Missionária…
Há c. de 5 anos, manifestou-se em mim uma grande INSATISFAÇÃO que tentava “calar”/”contentar” com bens materiais…não resultou…Era um vazio…e uma procura…!
Porquê tal vazio quando tinha “tudo”?! Procura… o quê!?Porquê?! Jesus bateu à minha porta, entrou e encheu-me completamente…um amor tão grande que queima(va) por dentro. Comecei a “tatear”: fiz voluntariado e oração, frequentei retiros (Convento de Avessadas, Marco de Canaveses Carmelitas), na semana santa (três anos seguidos). Lembro-me de, no final do 1º retiro, sábado aleluia, chegar a casa “cheiinha de Jesus” e, à noite, na cama, rezar sem cessar…orava, orava e não me saciava nunca…
Abraçou-me um desejo irresistível de rezar e de aprofundar a minha vida em Deus, mas também de servir os irmãos. Esta parecia/parece ser a minha vocação e missão.
 Quando comecei a caminhar mais segura, não conseguindo viver longe do Sacrário e da Oração, pedi uma licença sem vencimento e de longa duração e… entreguei-me…de corpo e alma. Descobri que sou uma apaixonada por S. Francisco de Assis. Nasceu do nada, esta paixão!? Li e reli bibliografias sobre este Santo.
Os meus amigos e familiares dizem-me que tive muita coragem ao deixar uma “vida construída” e tornar-me “pobre” e “obediente”/”submissa”! Eu digo sinceramente que não é coragem…Não consigo viver a não ser completamente abandonada ao/no amor de Jesus…Preciso de uma vida “fora do mundo”, preciso de silêncio/recolhimento e oração… como do ar que respiro…mas também sinto que Deus me escolheu como testemunha para revelar e proclamar o seu amor sedento, a vocação da humanidade para amar e ser amada.  
Não sou forte: Jesus “apanhou-me” nas Suas redes e eu fiquei “apanhadinha” por Ele! A melhor/maior sensação de liberdade está no abandono/na entrega a Jesus.
Vim do Porto para a Guarda (a 16 de fevereiro de 2013). A Liga dos Servos de Jesus acolheu-me para fazer uma experiência vocacional. Lancei-me ao estudo, nos momentos de lazer, li a bibliografia da Obra e do seu fundador e senti que poderia ser um caminho, o meu caminho (de santidade)até Jesus… o Sr. D. João de O. Matos é realmente “um profeta”, “uma Luz”! A Sua espiritualidade é extraordinária. O carisma e estilo de vida propostos para os Servos de Jesus são igualmente extraordinários. A 1ª regra fala por si: “Lembrem-se de que foram chamadas a viver em comunidade só para adiantarem na virtude e repararem, com o seu amor e ação, o dano causado pelos pecadores à glória de Deus”.
O Sr. D. João construiu uma grande Barca, uma fortaleza, (Fé, Esperança e Caridade) com velas “ao alto”, para navegar nas águas do mar imenso/profundo…rumo à vida eterna (vida em abundância). O Sr. D. João, Homem orante, conduzido especialmente pelo Espírito Santo, sabia de onde vinha, o que queria e para onde ia …a barca fortaleza direciona (va-se) e para o infinito. O Sr. D. João gravara no coração (gravara no pano alvíssimo das velas) as Palavras doces, convidativas, amigas e lapidares de Jesus: “Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida!” O (Santo) Venerável, a Sua Luz, iluminou/ilumina uma multidão de almas e, como Pastor zeloso, conduziu/conduz o seu rebanho até aos prados verdejantes (o Céu). A Sua Obra vive e a semente germina…. Creio que o Servo Venerável, a gozar a glória no Céu, continua a interceder por nós, a ajudar-nos a fazer com que Jesus Reine!
O tempo passou…A Obra resistiu às intempéries – há já c. de noventa anos - a barca navega apesar da maioria dos seus tripulantes (Servas) estarem cansados (peso da idade…), enfraquecidos… A sua força reside na sua “voz”, a oração contínua, que é o grande “motor” para incitar a barca até ao porto seguro.   
Penso que é preciso “dar voz” a quem “não tem voz”, é preciso que a Obra volte “às mãos”/ao “coração” de quem A ama, as Irmãs Servas de Jesus, as “obreiras”; é preciso que a Obra seja verdadeira Renovação da vida Cristã. É preciso que a Obra seja verdadeiramente de Apostolado e Reparação.
Todos os dias rezo a oração ao “Senhor Pai Santo” (graças por intercessão do Venerável D. João) e questiono-me/questiono-O: a Obra ainda cumpre o requisito importantíssimo lavrado na ata da sua fundação? E que, no meu ponto de vista, hoje urge reforçar/renovar/inovar!? Falo de comunidade(s) especialmente vocacionada(s) para uma vida perfeita, “que sejam como que a fornalha onde vão iluminar-se e aquecer-se” todas as Servas de Jesus…” É dali que há-de partir toda a luz e calor.”
“Enquanto não escutardes Jesus no silêncio do vosso coração, não podeis ouvi-Lo dizer” Tenho sede” no coração dos pobres…” Madre Teresa.
 Parti da “casa de minha mãe” por Jesus, porque sou uma alma apaixonada por Jesus. Ele vive em mim e (eu) desejo viver Nele e para Ele. Preciso, como “de pão para a boca”, de “alimento espiritual” constante… Não se pode pensar n(a) medida do “dedal” para toda a gente…a minha alma pede “um cântaro”, para encher “um lago” e correr até “rio” …e do rio “abraçar” o “mar” - o Amor Misericordioso de Jesus.
            Cheguei. Entrei na barca e fiz comunhão, especialmente com as Irmãs mais debilitadas e carentes de amor. Vim à procura de “um cantinho para orar”, vim adorar “Jesus Escondido”, vim pedir-Lhe perdão pelas nossas ofensas…; vim para “beber da Água Viva”, vim para “apagar-me”/”silenciar-me”… vim para subir até “ao Monte Carmelo”… encontrei um “mundo” e dentro desse “mundo” construi o meu “mundo”, aquele mundo fora do mundo que eu procurava…Com toda a simplicidade, o meu lado “criança” na relação com Jesus ligo-o a Santa Teresinha; o meu lado “amor à natureza” (sol, lua, chuva, pássaros, rio…) e pobreza “pé descalço no chão”, ligo-o a S. Francisco; o meu lado “ sério”: rigor, perfeição, “monte Carmelo”, contemplação…, ligo-o a Santa Teresa d´Ávila e S. João da Cruz (nasci a 14 de dezembro) e o meu lado “dar voz”, “justiça”, “verdade”, “espírito de retidão”…ligo-o a S. João Batista. Não leve isto em conta, por favor! Não sou ninguém! Infelizmente, tenho ainda o meu lado pessoal…esta Maria…uma plantinha com muita erva daninha…!
Passaram-se dois anos de “procura”, de “interrogações”, de “barreiras”, de “conquistas” …de esperança na “Missão” que alimentava o meu sonho de petiz.
           Aconteceu. Convidaram-me para fazer uma experiência missionária em Angola, na Quilenda. No dia 23 de fevereiro de 2015, acompanhada pelo Sr. Bispo D. Manuel Felício e pela Ir. Conceição Alpendre, uma das três missionárias pioneiras, aterrei no aeroporto “4 de fevereiro em Luanda”. Após uma longa e dificílima viagem de jipe, chegamos, à noitinha, à tão desejada e fervilhante Quilenda. Acolheram-me com muito amor!
Passou um ano, rico em experiências. Ri muito e chorei muito. Apaixonei-me perdidamente pelas crianças da Quilenda: muito pobres, desprotegidas…mas lindas! Que olhos expressivos! Que sorrisos abertos! No meio delas, sinto a presença intensa de Jesus, Ele toca-me e eu toco-O! Ele toca-nos e nós tocamo-Lo! Basta ser e AMAR! Consciencializei-me de que o meu caminho podia/devia passar pela Missão. Havia ainda em mim um vazio! Existia e crescia dentro de mim o desejo arrebatador de uma Consagração plena/radical a Jesus. “Voltei a casa”, abri o meu coração aos responsáveis da Liga e propus uma data para a minha Consagração.
Era domingo, o meu dia preferido. Era o dia 10 de janeiro de 2016, o dia da Solenidade do Batismo do Senhor! Que dia maravilhoso para a minha consagração! Identifiquei-me logo: imaginei o Batismo de Jesus no rio Jordão e revi-me a mergulhar nas águas do Douro. Eu sou uma amante da água, do mergulho. A água lava, liberta, purifica.
O Batismo de Jesus corresponde ao início da Sua “missão” (vida pública). A minha consagração, entendo-a como uma vida “nova”, “comprometida” (em Cristo) e em “entrega radical” a Cristo e aos irmãos.
O evento teve lugar na capela da Comunidade de Santa Luzia, na Guarda, pelas 18h00. A eucaristia solene foi presidida pelo Sr. Bispo da Guarda e Superior Geral da Liga, D. Manuel da Rocha Felício, e os concelebrantes os reverendos padres: P. Alfredo Pinheiro (Assistente Geral da Liga dos Servos de Jesus), Cónego P. Manuel Alberto Pereira de Matos, Vigário Geral, P. Joaquim Álvaro de Bastos, Capelão do ULS e P. Hélder Lopes, Vice-reitor do Seminário. Participaram e testemunharam Irmãs Servas de Jesus representantes das diversas comunidades da Liga. Apraz-me salientar a comunidade do Outeiro de S. Miguel, a minha comunidade. Particularmente a Ir. Ascensão, minha “mestra”, “madrinha” e amiga; a Ir. Gaspar, minha “Madrezita”, a primeira voz e o primeiro rosto de Serva de Jesus que conheci.
 A liturgia do dia revestiu-se de cânticos litúrgicos apropriados, quer ao Batismo de Jesus, quer à Consagração a realizar. Os cânticos estiveram a cargo das queridas Irmãs, realce-se a voz e o entusiasmo da Ir. Graça Afonso (Coordenadora Geral) com acompanhamento de órgão, pelas mãos da Ir. Glória Monteiro, que executou com inefável carinho.
Eu, vestida de branco e com um “pano” tradicional africano azul e branco, no primeiro banco, junto do altar, a olhar amorosamente Jesus na cruz, a deliciar-me na “Senhorinha mais brilhante que o sol”, ladeada pelos “discípulos de Jesus” nas suas vestes (brancas) sacerdotais, senti-me enviada por Deus:  livremente, consagrava-me a Deus, e, de modo explícito, e em Igreja, assumia radicalmente a minha vocação batismal. Senti-me “marcada” pelo “selo” do Espírito. Senti-me “pertença” de Deus.
O cântico “Entrega a tua vida a Deus”, o espelho da minha alma, conduziu-me ao altar para expressar em fórmula aprovada, o compromisso de seguir Jesus na vivência dos Conselhos Evangélicos.
Confio-me ao amor e deixo que a minha barquinha vogue no mar da confiança, naquele mar calmo e doce da vontade de Deus Pai e Senhor que me chama a uma vida de entrega. O meu lugar é aos pés do Amor dos amores para perfumar todo o ambiente do santuário do meu coração tímido, mas grande. Que Jesus encha a minha bilha de água fresca e regue a sementinha a fim de nunca a deixar morrer, a não ser morrer de amor por Ele e pelo Seu Reino.
Após a liturgia da Palavra, o Sr. Bispo explanou as leituras enquadrando-as nos motivos da festa. Saliento algumas ideias: “É com o Filho e por amor ao Filho que nos sentimos e somos enviados “Ad gentes”, às periferias, mesmo a nós próprios, já que seremos sempre terreno fértil de evangelização”. “É deste modo que a Maria é enviada, em missão eclesial e diocesana (…). Que a sua entrega radical revele o seu querer e o fazer a Vontade do Pai”.
No final da Eucaristia, recebi saudações, votos de felicidades, prendinhas e a alegria/amizade dos que testemunharam em presença ou que se uniram a mim espiritualmente.  Muito obrigada a todo(a)s! Muito obrigada à Comunidade de Santa Luzia pela doçura do seu acolhimento.
Após a celebração da Eucaristia, fomos convidados para um jantar de confraternização. Foi um momento muito bonito:  alegria, cor, vida.
No final, surgiram brindes e votos de vida plena ao serviço de Jesus e do Seu reino. Usaram da palavra, o Assistente da Liga, Sr. P. Alfredo, que saudou a minha família ausente, de modo particular a minha mãe que, “mesmo ausente, se encontra sempre presente no coração da sua filha” que “com a sua muita idade vê, a partir de hoje, ainda mais realizada a primeira consagração da Maria feita ao Senhor no dia em que a levou ao batismo.” A Sra. Coordenadora Geral, Ir. Graça Afonso, que salientou, entre outras ideias, “a esperança que nos vai inundando a todos por este mesmo acontecimento”. Eu, agradeci, muito emocionada, a todos, a festa proporcionada e pedi orações para mim, para a minha nova missão e para uma perfeita fidelidade à mesma.  O Sr. Bispo, D. Manuel Felício, encerrou este momento festivo, e deixou bem expresso que” a Maria se consagra como Serva de Jesus numa dinâmica e vertente missionária, também esta própria do Sr. D. João o qual calcorreou a nossa diocese e demais lugares, durante toda a sua vida, numa verdadeira atividade missionária. É nesta perspetiva que se lhe pede a sua consagração”.
Chegou a “hora da partida”, dia 21 de janeiro de 2016. Desejo imenso voltar à Missão, reencontrar a minha querida “Madre Quilenda” e tantos amigos!
 A despedida…queima-me a alma: o abraço e o choro de minha mãe. Como me “desabraçar”, como “desabraçar” o abraço de minha mãe?!
Guardo religiosamente as palavras sábias e “santas” que me mimou naquela hora sofrida: “Minha filha, a tua partida causa-me imensa tristeza pela saudade. Mas, ao ver as fotografias do vosso trabalho na Missão, vejo-te tão sorridente, tão alegre…que, e porque te amo tanto e te quero feliz, deixo-te partir, na certeza que essa é a vontade de Deus. Que Deus te abençoe!”
Abraço-O (A) e a Humanidade no abraço misericordioso de Jesus.
Oração de Abandono
“Meu Pai,
Eu me abandono a Ti,
Faz de mim o que quiseres.
O que fizeres de mim,
Eu Te agradeço.
Estou pronta para tudo, aceito tudo.
Desde que a Tua vontade se faça em mim
E em tudo o que Tu criaste,
Nada mais quero, meu Deus.
Nas Tuas mãos entrego a minha vida.
Eu Te dou, meu Deus,
Com todo o amor do meu coração,
Porque Te amo.
E é para mim uma necessidade de amor dar-me,
Entregar-me nas Tuas mãos sem medida
Com uma confiança infinita
Porque Tu És …meu Pai!

”Tarde Te amei!...
E eis que estavas dentro de mim e eu fora…
Tu estavas comigo e eu não estava contigo.…
Chamaste, e clamaste, e rompeste a minha surdez; brilhaste, cintilaste, e afastaste a minha cegueira; exaltaste o teu perfume, e eu respirei e suspiro por Ti; saboreei-Te, e tenho fome e sede; Tocaste-me, e inflamei-me no desejo da Tua Paz.” (Confissões de Santo Agostinho)

Ir. Maria J




































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