Saíra Santo António do convento A dar o seu passeio costumado E a decorar, num tom rezado e lento, Um cândido sermão sobre o pecado. Andando, andando sempre, repetia O divino sermão piedoso e brando, E nem notou que a tarde esmorecia, Que vinha a noite plácida baixando… E andando, andando, viu-se num outeiro, Com árvores e casas espalhadas, Que ficava distante do mosteiro Uma légua das fartas, das puxadas. Surpreendido por se ver tão longe, E fraco por haver andado tanto, Sentou-se a descansar o bom do monge, Com a resignação de quem é santo… O luar, um luar claríssimo nasceu. Num raio dessa linda claridade, O Menino Jesus baixou do céu, Pôs-se a brincar com o capuz do frade Perto, uma bica de água murmurante Juntava o seu murmúrio ao dos pinhais. Os rouxinóis ouviam-se distante. O luar...
"É PRECISO QUE JESUS REINE"